sábado, 12 de fevereiro de 2011

OS 8 DESEJOS MUNDANOS

NO BUDISMO SÃO 8 ..... e trata-se da mais pura realidade em nossas vidas porque aquí é o plano Terra. Planeta de provas e expiações!!! - o maior inimigo está dentro de nós - OBS: Bate perfeito com a Bílbia e outras Escrituras Sagradas!

1. Desejar elogios 
2. Rejeitar críticas 
3. Desejar o prazer 
4. Rejeitar a dor 
5. Desejar o ganho 
6. Rejeitar a perda 
7. Desejar a fama 
8. Rejeitar ser ignorado



EXPLICAÇÕES

Por: Gustavo Gitti

Em qualquer situação ou relação, não importa a tal da nossa “personalidade”, somos bastante previsíveis, fisgados por quatro jogos, quatro dinâmicas que nos arrastam de um lado ao outro. Ringues nos quais entramos e somos surrados sem entender direito o que acontece.

Vou descrever o funcionamento desses jogos de um jeito bem simples e deixo com vocês a tarefa de contemplar a própria vida para comprovar se tais preocupações existem mesmo ou se vocês já estão livres – já adianto: eu estou longe de ser.

As oito preocupações mundanas consistem em 4 diferentes pares de esperança e medo (que são como o côncavo e o convexo) em diferentes contextos, como se só a forma do anzol variasse. Num outro sentido, eles são variações de apego e aversão que nos movem e projetam significações na realidade, estreitando nosso mundo.


Em qual tipo de bolha você vive?

Não há nenhum problema em preferir o sucesso ao fracasso, por exemplo; é algo até saudável. A confusão está em acreditar que o sucesso é uma fonte de felicidade autêntica, pelo qual deveríamos nos preocupar, nos esforçar, nos motivar e andar pelo mundo.

Esperar por elogios e temer críticas
Por mais sábios, seguros e confiantes que possamos ser, é muito raro uma pessoa não esperar alguma forma de elogio e não ficar desconfortável ou mesmo perturbada com críticas após executar um trabalho, fazer um discurso, publicar um texto ou mesmo soltar uma frase no Twitter.

Elogios são ótimos, claro; o problema é esperar por eles e se afligir por sua ausência e por seu oposto. Se formos capazes de nos mover fora desse cubículo onde nos preocupamos em ser elogiado ou se defender de críticas, teremos muito mais espaço para respirar e agir livres dessa tensão.
Buscar a fama e evitar o esquecimento.

Fama e insignificância, louvor e culpa, boa reputação e rejeição, prestígio e desonra, eis alguns nomes para essa nossa necessidade de receber atenção e não ser ignorado. Temos medo do ridículo, não queremos passar vergonha, mas também não gostamos de ficar no completo anonimato, na obscuridade existencial, sem receber nenhum olhar de aprovação nos glorificando.

Em relacionamentos amorosos e até no meio corporativo, o medo de rejeição causa grandes estragos, assim como a busca por louvor e prestígio. Meu professor de Taketina sempre diz que a melhor posição é aquela além de “blame or praise” (culpa ou elogio), além de vaia e aplauso, na qual não precisamos nos orgulhar quando tudo dá certo e é desnecessário nos culpar quando tudo dá errado. Em qualquer outra posição, ficamos frágeis, facilmente perturbados.


Abrimos esse espaço todo para as celebridades na tentativa velada de algum dia o ocuparmos.
Desejar a vitória e fugir da derrota.

Queremos ganhar, não queremos perder, não importa se estamos lidando com objetos, imóveis, pessoas, times de futebol ou com a própria vida. Além do impulso de aquisição e do desconforto com a perda, sempre estamos nos preocupando em nos darmos bem, em ter sucesso, em não falharmos ou fracassarmos.

É irônico como a própria busca pelo sucesso termina por nos aproximar do fracasso. Não apenas porque sofremos e nos tensionamos, mas porque a motivação de sucesso pessoal é muito restrita. Quando queremos nos dar bem, não enxergamos longe, ficamos cegos para onde, de fato, poderíamos nos dar bem.
Ansiar pelo prazer e rejeitar a dor.

Acreditamos que a felicidade vem dos estímulos de prazer, seja sensorial, emocional, mental e até “espiritual” (na salada nova era autoajuda em que estamos). E pensamos que o sofrimento acontece quando tais estímulos são negativos ou inexistentes. Não há nada de errado em buscar a felicidade e fugir do sofrimento, querer prazer e evitar dor. De fato, todos os seres vivos fazem isso, de formigas a Marianas e Paulos.

A grande tragédia está em tomar estímulos e elementos externos como sendo a verdadeira causa de felicidade ou sofrimento. Esse processo só aumenta nosso sofrimento pois nunca conseguimos estabilizar um estímulo externo (seja ele uma pessoa, um ambiente ou uma situação) para que nossa felicidade seja sustentada.

Além disso, essa busca pela felicidade está criando seres que são incapazes de lidar com a dor e, portanto, anestesiados para o grande prazer e a felicidade verdadeira que vem de estar vivo, presente, atento, aberto, relaxado, disponível, livre do autocentramento, fora da própria cabeça.
Somos patéticos e previsíveis, então podemos sorrir.

Se tentarmos lutar contra tais dinâmicas, se tentarmos reprimi-las, apagá-las, negá-las, viver sem elas, é muito provável que não encontremos logo de cara outro processo para substitui-las ou que apenas aumentemos sua força, como se a parede (que sempre foi inofensiva) começasse a fazer nossa mão sangrar porque começamos a esmurrá-la.


Se nos debatemos, até uma coisa inofensiva pode nos fazer sangrar.
Se apenas cedermos a esses jogos e ficarmos vivendo dentro dos limites desses quatro ringues, vamos perder tempo, nos preocupar, nos esforçar e o máximo que vamos conseguir se resume a elogio, fama, ganho e prazer. E nada disso vai nos satisfazer de verdade, nada disso trará felicidade genuína.

Em vez de nos opor ou nos entregarmos, podemos apenas ficar, observar e viver com um sorriso no rosto em meio a todos esses jogos previsíveis. Não somos nós que estamos presos às oito preocupações mundanas, são nossas identidades. É o namorado que não quer ser rejeitado pela namorada. É o funcionário que deseja aprovação e elogios do chefe. Nós estamos livres desses mundos e podemos brincar com eles – com uma certa malícia até.

Em vez de viver num mundo de ganho e perda, sucesso e fracasso, fama e insignificância, prazer e dor, podemos entender que essas noções são relativas, que são esferas sem tanta substancialidade, que a realidade não se enquadra e não precisa ser vivida por esses pares.

Podemos nos relacionar com as coisas de modo mais cru, seguindo a visão do grande Walt Whitman:

“Now if a thousand perfect men would appear, it would not amaze me. Now if a thousand perfect women appear’d, it would not astonish me. Now I see the making of the perfect persons: it is to grow in the open air and to eat and sleep with the earth.”

["Agora, se mil homens perfeitos tivessem de aparecer, isso não me espantaria. Agora, se mil formas maravilhosas de mulher aparecessem, isso não me assombraria. Agora, vejo o segredo de como produzir as melhores pessoas: é o de crescer ao ar livre e de comer e de dormir com a terra."]

 

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