O Mito da Frequência de 432Hz
Saindo um pouco de nosso tema de sempre, hoje procurarei desmistificar um assunto que tem rolado muito nos círculos de esoterismo e new age:
A famosa teoria de que alguma organização maligna (New World Order, Illuminati, reptilianos etc.) teria mudado a frequência de afinação dos instrumentos usados atualmente, de modo a usar uma frequência de afinação desarmônica, que traz caos e violência à nossa sociedade.
Vamos a isso.
A Teoria
Como tudo que anda pela internet, a teoria da frequência de 440Hz como sendo uma conspiração mundial tem pequenas variações. Contudo, o tema geral é sempre o mesmo:
Há uma frequência musical associada à natureza e a como os sons são produzidos nela. Nos tempos antigos (na Idade Média, por exemplo) as pessoas usavam essa frequência para afinarem seus instrumentos, assim criando músicas belas, harmônicas e que estimulavam o desenvolvimento espiritual humano.
Contudo, em determinado ponto da história, que se estende até o presente dia, uma organização que deseja dominar e destruir os seres humanos usou de meios de coação e tentação para mudar a afinação usada pelos músicos do mundo. Essa organização mudou a afinação dos instrumentos para 440Hz, uma vibração que traria caos e desordem aos chackras, transformando as pessoas em seres cegos para a espiritualidade e para a vida espiritual.
Para revertermos esse quadro, devemos buscar ouvir músicas apenas em 432Hz, a frequência original.
Mentira, Verdade e Talvez Propósito
Se tem uma coisa que descobri nos meus anos de ocultismo é que sempre há algo mais por trás das coisas. Sempre há uma razão pela qual a espiritualidade superior permite que coisas aparentemente diabólicas, malignas, terríveis e destrutivas ocorram. E nesse caso não estou falando de Iluminatis. Estou falando de mentiras como o mito dos 432hz, que, se tem alguma base esotérica, é talvez a mesma da história do garoto que gritava lobo:
Uma mentira “inocente” que se transforma em uma possível fonte de perigos e, ao mesmo tempo, de evolução.
Expliquemos.
O Que É Afinação
Afinar um instrumento musical, em termos básicos, é fazer com que as partes do instrumento responsáveis por produzirem sons (as cordas, tubos, couro ou demais) produzam sons harmônicos quando usadas da forma correta. Assim, falando de instrumentos de corda como o violino que eu costumava tocar, afinar o instrumento significa apertar as cordas até que elas produzam, quando manipuladas da forma correta, o som correto. Para fazer isso, o primeiro passo é, normalmente e seguindo os protocolos tradicionais da música, afinar a corda responsável por dar a nota “Lá”.
A nota “Lá” é produzida, nos violinos, pela segunda corda mais fina, sem nenhum dedo pressionando-a. Após apertar a corda até que sua vibração quando o arco a toca seja um “Lá”, apertamos as demais cordas de modo a que sua vibração quando o arco a toca seja a vibração adequada para cada corda. A corda mais grossa é um Sol, a segunda é um Ré, temos o Lá e por fim temos um Mi.
Todas elas afinadas segundo o Lá, normalmente em 440Hz.
Frequência da Nota Musical
Ao falarmos de música, falamos de algo fluido. O que chamamos de “notas” são os sons que agradam aos ouvidos humanos. O resto são sons chamados desarmônicos, ou seja, sons que não agradam aos nossos ouvidos. Assim, obviamente que, como mudam os gostos individuais de cada um, também mudam quais são os sons que agradam cada pessoa.
A nota Lá, por exemplo, existe não só em 440Hz, mas em uma faixa ampla, possivelmente dos 415Hz (hoje em dia considerado Lá bemol ou sol sustenido) aos 460Hz (há músicas que foram afinadas nessas frequências na história da música). Qualquer som produzido dentro dessa faixa de frequências será um Lá.
Porém, isso significa que outras notas, como o Sol e o Dó, NÃO PODEM ser encontradas dentro dessa frequência! Aliás, não podem sequer ser encontradas nos harmônicos dessa frequência!
E é aqui que aparece a primeira mentira do mito da afinação de músicas a 432Hz.
Os 432Hz são um Lá, sim. Mas uma música tocada com instrumentos afinados com um Lá de 432Hz, ainda assim NÃO possui apenas sons a 432Hz. Possui, na verdade, sons em uma miríade de frequências totalmente diferentes – pois se não, seria apenas a nota Lá tocada continuamente. Não existe música a 432Hz. Existe música feita com instrumentos afinados a base de um Lá de 432Hz.
Que isso fique claro.
432Hz Como A Frequência da Natureza
Como vimos, não só não podemos dizer que exista música em 432Hz, como, obviamente, os diferentes sons produzidos pela natureza, por exemplo, lagos, rios, cachoeiras etc., terão frequências múltiplas e diferentes entre si. A natureza não comporta apenas sons em 432Hz. Caso comportasse, seria impossível que diferenciássemos sons naturais que estejam acontecendo ao mesmo tempo. O pio de um pássaro e o ruído de uma cachoeira produzem notas musicais totalmente diferentes e em frequências totalmente diferentes. É por isso que podemos diferenciar um do outro, mesmo que ocorram ao mesmo tempo.
Dito isso, se 432Hz não são a frequência dos sons produzidos pela natureza, o que são?
em, nos meios New Age a teoria menciona uma possibilidade. Essa possibilidade seria a de que os 432Hz são a afinação natural da música com o campo magnético gerado pelo planeta terra.
Vamos analisar isso melhor.
O Campo Magnético da Terra
O nosso planeta possui um campo magnético. O que isso significa?
Significa que, por conta da composição dos elementos do manto e do núcleo, isso é, da lava e da bola de ferro enorme que há no meio do planeta e por conta do fato de ambos estarem girando, o nosso planeta produz, envolvendo-o por inteiro, uma espécie de campo de força. Esse campo age sob quaisquer elementos que possuam carga e que se aproximem de nosso planeta.
Assim, se pegarmos um raio solar que esteja carregado de partículas com carga positiva, por exemplo, hidrogênio sem elétrons, esses raios são influenciados pelo campo magnético e são desviados do caminho do nosso planeta. Esse campo é incapaz de desviar qualquer coisa que não esteja em escala microscópica, visto que não é um campo muito intenso – sendo apenas amplo. Mas é crucial para a vida no nosso planeta, pois é ele que garante que substâncias extremamente nocivas vindas do espaço e principalmente do nosso sol, não nos atinjam e nos causem danos grandes.
Muito da radiação solar e espacial que poderiam tornar a vida na terra impossível é desviada para fora do planeta graças a esse escudo que temos, e que é o campo magnético da terra.
O Campo Magnético da Terra Como O Coração do Planeta
Nos círculos New Age, contudo, raramente vemos em boa figura, exaltado, aquele objeto que possui função de escudo. Ao contrário, os círculos New Age tratam o campo magnético terrestre como uma espécie de batimento cardíaco do nosso planeta. Uma fonte de nutrição, amor maternal e carinho, significando, para alguns, um campo que harmoniza nossos chackras e o fluxo de energia divina em nossos corpos sutis, nos tornando mais conectados com nossa ancestralidade e a beleza do mundo.
Isso não está totalmente errado.
Uma conexão harmônica com a força que protege a vida no nosso planeta provavelmente nos trará a possibilidade de uma maior conexão com nossa ancestralidade, e especialmente com a força de proteção aos nossos. Porém, vejamos o lado omitido disso.
O campo magnético protege o planeta como um escudo. Isso significa que ele pega energias que normalmente seriam destrutivas à vida na terra e as redireciona para o espaço. Estar em contato íntimo com esse campo magnético, harmonizar nosso duplo etérico e nossos chackras com ele, não só não nos coloca em uma posição de proteção, como nos faz realmente desviar aquilo que é direcionado para nós para aqueles ao nosso redor.
Estaremos, obviamente em um nível sutil, mas ainda assim, captando e redirecionado aquelas forças que são similares em natureza a radiação tóxica que fritaria toda a vida no nosso planeta se fosse permitida aqui. Estaremos também em maior conexão com a terra, pois estaremos imitando-a. E todo ato de imitação, quando realizado com intenção mágica, produz efeitos de semelhança.
Porém, imitar essa função do planeta não só não produz, de imediato, melhorias em nossos corpos sutis, como de fato nos torna redirecionadores, pessoas que tendem a expulsar e redirecionar para além de si as energias densas e tóxicas do ambiente, que tenderão então a circular ao nosso redor, sendo enviadas para aqueles próximos a nós mesmo quando normalmente não o seriam. Muito melhor para nos conectarmos com as energias telúricas e com nossa ancestralidade o simples ato de pegar a foto de algum parente querido, ou dos parentes queridos em geral que já se foram, e levá-la a um campo. Meditar em frente a ela, com um incenso aceso em memória daqueles que se foram. Permitir que nossa conexão com pais, avós, tios, primos e outra família próxima, incluindo agregados e aqueles que não eram família de sangue, mas faziam parte de nosso “clã”, se conectem conosco.
Conectarmo-nos aos nossos ancestrais é resgatar aquilo que corre em nosso sangue em sentido mais literal, mas também é resgatar aquilo que corre em nosso karma e dharma compartilhados enquanto espíritos irmãos reencarnando próximos uns dos outros, no mesmo clã. Um rapaz europeu talvez possa achar um ancestral indígena brasileiro, se ele se tornar família com alguma família que tinha ancestrais indígenas brasileiros. Mas o simples ato de evocar os ancestrais esquecendo de nossos pais, avós, tios, família próxima é um ato de autoengano e uma ofensa a nossa ancestralidade.
Não busquemos nossos ancestrais por meios que visam trazer a nós espíritos de pajés americanos usando penas de águia no cabelo. Se acharmos um desses em nossa ancestralidade, aprendamos com ele. Mas primeiro respeitemos a verdade de que ancestral é aquele que nos antecede e que isso nós herdamos, não controlamos. Que ancestral é aquele que é nosso antecessor de fato, e não uma imagem fantasiosa. O culto aos ancestrais requer a aceitação de nossa ancestralidade. De nossos pais, mães, daqueles que nos aceitam em suas egrégoras, daqueles que foram nossos parentes em vidas passadas. Ele estará incompleto enquanto não aceitarmos tudo isso. Enquanto buscarmos apenas uma ancestralidade ideal, espiritualizada, superior e iluminada.
Mas voltemos aos 432Hz.
Meu Deus! Ouvi Música a 432Hz a Vida Toda! Vou Morrer!
Não se preocupe.
Como dito, a espiritualidade tem meios e maneiras estranhas de influenciar o mundo usando as ferramentas disponíveis por aqui. A frequência de 432Hz não está relacionada com o campo magnético da terra. Para entender isso, vamos ficar um pouco mais matemáticos.
Oitavas Musicais
Para entender a fundo como a música funciona, precisamos entender como funcionam os princípios dos harmônicos em ondas.
O que é um saco.
Então, vamos apenas entender de forma superficial, já que esse não é um texto sobre tal assunto, mas sobre outro.
Todas as notas musicais possuem uma frequência. Essa frequência é o número de vezes que as moléculas do ar ao redor do instrumento que produziu a música vibram em um segundo. Assim, um Lá em 432Hz significa que um instrumento musical (por exemplo, uma flauta) fez as moléculas do ar ao redor pularem para cima e para baixo, para frente e para trás, quatrocentas e trinta e duas vezes para cada segundo de música. Como raramente produzimos uma nota que dure um segundo inteiro, na realidade as notas produzem frações dessas repetições. Mas deixemos isso de lado. Nos concentremos no conceito.
Esses “pulos” dados pelas moléculas do ar são o que chega aos nossos ouvidos e que é transformado em som no nosso cérebro. E aqui, é importante entendermos algo. 432 “pulos” em um segundo, é o mesmo que 216 “pulos” em meio segundo. Assim, qual é a grande diferença entre pular 432 vezes em um segundo, e 216 vezes em um segundo?
Só a velocidade, correto? Os 432 pulos são mais intensos. São mais rápidos.
Porém, se tivermos um objeto cujas moléculas vibrem a 216Hz, ao aproximarmos algo a 432Hz desse objeto, a mesma força que faz o ar “pular” 432 vezes por segundo irá se harmonizar com esse objeto que “pula” duas vezes mais devagar, e adicionar energia ao objeto. É assim, por exemplo, que podemos quebrar cristais usando meramente um diapasão.
Não é a força bruta do ar se mexendo que quebra o cristal, mas o fato de que os átomos do cristal já normalmente pulam, presos uns aos outros, a uma frequência x. A frequência produzida pelo diapasão é essa frequência x multiplicada algumas vezes. Então, ao aproximarmos o diapasão do cristal, as ondas produzidas pelo diapasão “batem” com as ondas que o cristal normalmente vibra, e dão um impulso extra aos átomos, que pulam mais do que o normal (em todas as direções), e isso faz o cristal quebrar.
Da mesma forma, nossos cérebros identificam essa relação entre as frequências, e identificam semelhanças entre as duas frequências. Porém, é importante notar que, diferente dos nossos cérebros, a frequência para afetar objetos físicos deve ser o mais exata o possível. Se nossos cérebros percebem o Lá como qualquer coisa entre 415Hz e 460Hz, um cristal não vai ser afetado por um espectro tão grande de frequências. A oitava deve ser precisa.
E essas oitavas são frequências multiplicadas ou divididas por múltiplos de 2. Por exemplo, o Lá em 432Hz é uma oitava superior ao Lá em 216Hz. Ao mesmo tempo, a frequência de 864Hz também será um Lá.
Frequência do Campo Magnético da Terra
Surpresa! Campos magnéticos não tem frequência inerente!
Sim meu caro(a), você leu bem.
Frequência de campos magnéticos é algo que não existe.
Por quê? Oras, eu acabei de dizer, não?
Frequência é o número de vezes que algo faz as coisas ao redor “pularem”. E campos magnéticos não fazem as coisas “pularem”. Eles fazem as coisas rodarem até se fixarem em um dos polos do campo (seja o positivo ou o negativo), muda a trajetória delas e as lança para longe ou faz com que elas se alinhem com o campo e fiquem paradinhas ali onde se alinharam. Campos magnéticos não pulsam naturalmente.
É claro. O campo da terra pode variar em intensidade, direção e até tamanho, mas essas são variações na escala de centenas ou milhares de anos, e não são padronizadas. São totalmente ao sabor das dinâmicas das correntes de magma do núcleo planetário, então não formam uma frequência.
Mas se é assim, de onde vem aquele papo de que o campo da terra bateria como um coração? De que ele teria uma frequência de 8Hz?
Essa é uma interpretação errônea de um fenômeno chamado Ressonância de Schumann.
A Ressonância de Schumann
Tempestades de raios ocorrem, no nosso planeta, porque os átomos das nuvens de chuva batem uns nos outros e separam os elétrons deles, formando assim cargas elétricas que, quando se acumulam em grande quantidade, caem na terra. Também acontece de algumas tempestades estarem cheias de partículas positivas, normalmente por conta de raios solares ou cósmicos, e aí a terra é que envia elétrons para as nuvens, fazendo um raio que sai da terra e vai aos céus. E o importante de sabermos isso é que raios produzem ondas magnéticas – radiações – que, elas sim, possuem frequências.
Essas frequências, por sua vez, viajam pela terra, entre a atmosfera e o chão, o que gera pequenas alterações em uma parte muito pequena do campo magnético da terra, que normalmente não é afetada por nada – a parte das baixas frequências.
Qual a importância disso?
Bem, alguém parece ter confundido as ondulações no campo, que são geradas por descargas de raios em algum lugar no globo, com a frequência DO campo magnético – que, como vimos, não existe. E assim criou-se o mito de que o campo magnético da terra tem uma frequência.
A Importância da Ressonância Schumann
A ressonância Schumann é usada para monitorar a atividade elétrica no planeta – ou seja, para medir quantos raios estão caindo na terra ou subindo aos céus. Esse tipo de medição permite a meteorologistas realizarem cálculos para tentar descobrir coisas como qual é a temperatura média do globo.
Em termos esotéricos, não há fontes confiáveis quanto a seus usos. Contudo, se pensarmos em termos de propagação de energias talvez possamos criar uma hipótese relacionada.
Magnético ou Eletromagnético?
Nesse ponto alguns devem estar se perguntando: “Espera, o campo da terra é eletromagnético, não magnético somente. ”
Bem, isso seria um erro.
Um campo magnético é um campo formado por um imã de qualquer natureza. É a força exercida pelos polos desse imã no ambiente ao redor.
Já um campo elétrico é o campo formado por cargas elétricas. Por exemplo, uma caneta de plástico que seja esfregada contra um pano fica eletricamente carregada, e começa a atrair pedacinhos de papel.
A diferença entre o campo elétrico e o magnético, portanto, é a natureza das cargas e o seu movimento. No campo magnético, os polos estão fixos, e são dois. Um positivo, e um negativo.
No campo elétrico, as cargas se movem, e são de apenas uma natureza. Positiva, ou negativa.
Quando um campo elétrico e um campo magnético se influenciam mutuamente no tempo, isso gera um campo eletromagnético – significando que a carga elétrica está passando por uma região magnética, o que faz com que ela “pule” por influência do magnetismo. Isso gera uma frequência eletromagnética.
Assim, campos magnéticos como o do planeta terra não possuem frequência. Campos eletromagnéticos como os que acontecem quando um raio sai das nuvens e chega ao chão, influenciando o campo magnético terrestre, são eletromagnéticos e possuem frequência.
Não existe um campo eletromagnético terrestre que tenha sido medido. Podemos falar de energia telúrica ou geomagnetismo para dizer que há correntes elétricas correndo na superfície do planeta, e que por serem influenciadas pelo campo magnético, devem gerar um eletromagnetismo.
Podemos até mesmo falar que as Linhas de Ley de alguma forma devem gerar influência e serem influenciadas por esse campo, talvez gerando algo parecido com um campo eletromagnético a nível etérico.
Contudo, nada disso é medido, nada disso se relaciona com a teoria da conspiração proposta.
É possível que a espiritualidade superior tenha permitido e talvez até facilitado a difusão dessa teoria para estimular pesquisa e busca de conhecimento nessa área. Mas também é possível que a espiritualidade superior simplesmente não esteja envolvida nessa teoria. Que ela seja um produto de inconsciente coletivo, um simples Hoax, ou uma dedução errada de alguém.
Mas E Os 8Hz ?
Em primeiro lugar, a frequência de 8Hz não é um Lá. Mesmo que o campo magnético da terra possuísse uma frequência, e que essa frequência fosse 8Hz, ela não se relacionaria aos 432Hz.
As oitavas de uma frequência de 8Hz são as seguintes:
Primeira Oitava : 8hz
Segunda : 16Hz
Terceira : 32Hz
Quarta : 64Hz
Quinta : 128Hz.
Sexta : 256Hz
Sétima : 512Hz.
Em outras palavras, 432Hz nem sequer se aproxima de qualquer Oitava de 8Hz. A frequência mais próxima é a de 512Hz, que é um som desarmônico que existe entre o Sí e o Dó.
Em segundo lugar, os 8hz são provavelmente um arredondamento de um número da frequência de Schumann. Como dito, essa frequência mede picos no campo magnético conforme há descargas de raios em algum ponto do globo. Esses picos ocorrem principalmente a 7.83Hz e a 14.1Hz. Contudo, podem ser observados em qualquer parte do espectro, de 0hz a 40Hz.
Assim, o que ocorreu é que, provavelmente alguém confundiu essa frequência de 7.83Hz com uma ideia de “coração do planeta”, arredondou para 8Hz e depois misturou isso com alguma teoria da conspiração envolvendo a história da música. Explicarei melhor essa parte da história musical. Mas para título de curiosidade, aqui vão as oitavas relacionadas aos 432Hz e também aos dois picos de Schumann.
O Lá de 432Hz tem os seguintes harmônicos :
216Hz
108Hz
54Hz
27Hz
13.5Hz
6.75Hz.
Harmônicos do Primeiro Pico de Schumann:
7.83Hz
15.66Hz
31.32Hz
62.64Hz
125.28 Hz
250.56Hz
501.12Hz
Harmônicos do Segundo Pico de Schumann:
14,1Hz
28,2Hz
56,4Hz
112,8Hz
225,6Hz
451,2Hz
Notemos que o segundo pico de Schumann é um Lá!
Contudo, é ainda mais agudo que o Lá de 440Hz.
História da Música e Afinações
Qual é o efeito de afinar um instrumento a 432Hz ao invés de 440Hz ou 442Hz?
Bem, quão menor a frequência, mais frouxo o instrumento estará. Se for um instrumento de corda, as cordas serão afrouxadas. Se for um instrumento de percussão como um tambor, o couro ou o material sintético também o serão.
Você já ouviu o som de uma corda de violão um pouquinho mais frouxa do que a afinação normal? Provavelmente já. Por que muitas músicas de Blues são feitas assim. E não é só Blues. Rock também tem afinações alteradas para gerar sons levemente diferentes.
O “basicão” de aprender a tocar um instrumento é tocar na afinação padrão. Mas um músico não vai ser punido pelos deuses por experimentar com seu instrumento. De fato, a ideia de tocar em uma única afinação é coisa muito recente sim.
Em tempos passados, muitos compositores tinham sua afinação de preferência. E nesse ponto começa a teoria da conspiração.
Sim, no passado, afinações mais frouxas eram mais comuns.
Isso não significa que elas eram onipresentes!
Afinações em 415Hz e 418Hz (um pouquinho acima do Lá Bemol) eram tão comuns quanto as afinações em 430Hz. Afinações em 432Hz são precisas demais para afinar de ouvido – e como não haviam muitos metrônomos digitais na época, poder-se-ia esperar que afinação das músicas medievais fosse tudo, menos precisa a nível de diferenciar entre 430Hz e 432Hz. Mas haviam também afinações em 450Hz.
E nesse ponto alguns músicos clássicos estão provavelmente querendo meter-me uma porrada na cabeça, porque, bem, deixe-me contar um segredinho…
O conceito de Hertz (Hz) não existia durante a maior parte da Idade Média! De fato, até mesmo a Escala Musical como eu mencionei aqui nesse texto (7 notas, em oitavas que dobram) passou a existir apenas no século X, com um monge italiano de nome Guido d’Arezzo. Sem mencionar que não existia um padrão universal para a afinação de instrumentos até o século XVIII.
Foi durante a vida de Bach (por volta de 1700) que uma padronização foi iniciada. Há registros de igrejas que possuíam órgãos afinados com um Lá de 374Hz (Inglaterra) a igrejas com Lá de 567Hz (Norte da Alemanha). Ainda assim, acredita-se que durante o século XVIII a afinação padrão tenha sido determinada como algo entre 415Hz e 430Hz. Sabemos que Handel afinava a 422.5Hz e que Mozart, conhecido por ser maçom e escrever músicas para maçons, afinava a 421.6Hz.
Já durante o século XIX, a Sociedade Filarmônica de Londres decidiu por um Lá de 423.7Hz era muito baixo, e mudaram para 452.5Hz, mas logo decidiram que esse novo Lá era alto demais e mudaram de volta para 433.2Hz. Foi durante fim do século XIX que o governo francês resolveu se posicionar e decidir que 435Hz era o valor correto para o Lá, ao que os ingleses tentaram copiá-los, mas sem sucesso devido às condições climáticas da Inglaterra, que desafinavam os instrumentos. Assim, decidiram que o Lá inglês seria de 439Hz.
Por fim, em 1955, uma instituição internacional decidiu que o novo padrão de afinação para o mundo seria de 440Hz.
Que instituição era essa?
Algum governo?
Algum acionista multimilionário?
Hollywood que deve ser dominada pelos iluminati para produzir ideologia e nos tornar todos escravos?
Não.
Foi a International Organization of Standardization (ISO), pela definição ISO16.
Sim, uma ISO.
Sabe a ISO9001 que você busca em uma empresa para saber se ela trata bem seus funcionários? Pois é, existe uma ISO16 que fala qual é o padrão global para música.
O que acontece se você desafiar esse padrão e tocar em outro tom?
Nada.
Absolutamente nada.
Não existe nenhum requerimento. E, como dito, músicos de Blues, Jazz, Rock e até mesmo Heavy Metal fazem isso o tempo todo.
Mas e espiritualmente falando? Bem ….
Desde que todos toquem na mesma afinação, tá tranquilo.
Espiritualidade e Música
A espiritualidade está ligada à música. Disso não há dúvidas. E a espiritualidade também está ligada a afinação do instrumento que toca a música.
Porém, a espiritualidade não é algo tão pequeno ou infantil que possa ser resumido a uma frequência de elevação espiritual garantida. Frequências de afinação mais baixas produzem sons mais graves, que dão aquela sensação de algo está tremendo, afetam os chackras mais básicos, vitalizam, centram, prendem a pessoa na terra e trazem uma força primal. Nos fazem querer sentar e mexer nossos corpos apenas de forma mínima.
Já frequências de afinação mais altas produzem sons mais agudos, que dão aquela sensação de que tudo está rápido, mexendo, que estamos em um estado de alerta, que há necessidade de fazer algo, correr, pular. Mas, claro, isso é apenas parte do processo.
Uma balada tocada com afinação alta não necessariamente te fará querer pular, enquanto um funk tocado com afinação baixa pode te fazer animalizado da mesma forma. Especialmente se a diferença na afinação for tão pequena quanto a de 432Hz para 440Hz.
Na realidade, o mero uso da intenção de melhorar a si mesmo durante o ato de ouvir uma música a 432Hz é muito mais importante do que a afinação. Nesse ponto, ouvir músicas a 432Hz pode ser benéfico, ainda que a história de conspiração seja furada.
Música e Sociedade
Afinações modernas tendem a ser mais agudas que as passadas.
Mas não só elas. Também as notas usadas, as melodias criadas, os instrumentos em si, tendem a ser mais agudos, cortantes, agressivos.
Isso é efeito de algum grupo secreto tentando nos tornar agressivos e nos afastar da espiritualidade?
Talvez.
Mas isso parece pouco provável, porque na realidade é apenas a impressão superficial. Há muitas músicas agudas no passado, muitas músicas graves no presente. Há muitas que geram aberturas espirituais, muitas que nos afastam da espiritualidade.
Para levar tudo isso em conta é necessário bem mais do que estudar o ISO16. É preciso levar em conta um mundo mais amplo, onde espiritualidade é parte da vida das pessoas, e não o motivo por detrás de absolutamente tudo.
Sim, espiritualidade não é o motivo último por detrás de tudo. Evolução, espiritualidade, contato com deus. Se somos seres imortais, não há pressa em conseguir nada disso. E, tenhamos certeza, há outros com interesses diversos dos nossos, para quem espiritualidade não é o foco. Respeitemos. Espiritualidade não precisa ser o foco de vida para todos.
A cada qual segundo sua Vontade.
Curiosidades
O significado das notas, que aliás antigamente eram Ut, Re, Mi, Fa, Sol, La e San, é o de serem as iniciais de uma oração a São João.
Ut queant laxis
Resonare fibris
Mira gestorum
Famuli tuorum
Solve polluti
Labii reatum
Sancte Ioannes
O significado é: “Para que teus grandes servos, possam ressoar claramente a maravilha dos teus feitos, limpe nossos lábios impuros, ó São João”.