segunda-feira, 24 de outubro de 2016

"Obscured by Clouds" (o disco)


Resenha de Márcio Abbes

Conheci o Pink Floyd pelo disco progressivo mais popular do mundo, "Dark Side of the Moon", que levou milhões de jovens ao desespero de ouvir o disco praticamente todos os dias. 
Na época do lançamento, você ouvia o disco até na carrocinha de pipoca da esquina. Nada mais existia do que além do "disco do prisma" em relação ao Pink Floyd. Pelo menos, para os ouvintes de rock. 

Já os especialistas conheciam mais.

O disco "Obscured by Clouds" passou na minha vida com apenas um olhar insignificante para uma linda capa sideral, que foi realizada pela Hipgnosis, empresa que já realizou a arte de grandes capas no rock. 
Fiquei pensando outro dia, conheço realmente o Pink Floyd? 
Enchi o peito e lembrei da minha audição do "Dark Side of the Moon", "Wish You Were Here " e "The Wall". 
A resposta veio na hora: acho que apenas os discos mais comerciais. 
Então, cheguei à conclusão que não conhecia tão bem o Pink Floyd. 
Resolvi escutar o disco "Obscured by Clouds", de 1972, e fiquei completamente chapado com a audição. 
Foi trilha sonora do filme "La Valle". 
O disco me carregou para uma viagem com uma sonoridade bem Floydiana, contudo num ritmo bem lento e com uma musicalidade "soft", agradável e revigorante e até inusitada pela simplicidade de sons bem colocados pela banda.

O disco traz uma miscêlania genial, onde se é capaz de encontrar pop, mas que já é bem característico de tudo que cerca a maravilhosa música progressiva da banda. 

O disco começa com a viajante faixa-título e a batida seca junto à guitarra genialmente arrastada de Gilmour. Som pertubador e intenso. 
Bela abertura de porta para o disco. "When You're In" já deixa a porta escancarada e dá prosseguimento de forma genial a música anterior, a faixa-título, tudo de forma arrebatadora. "Burning Bridges" já é uma linda canção com toda a riqueza melódica que faz parte da sonoridade única da banda. 

Podemos já sentir que o Pink Floyd está ali. "The Gold It's in the..." já descarrega o peso da banda e traz o solo genial de Gilmour cheio swing. 
Entra a linda canção "Wot's... Uh The Deal", bem carregada de muita angústia e de uma beleza ímpar, que começa a finalizar com um lindíssimo solo de piano e uso de slide na guitarra. 
A audição me deixa fascinado pelo disco. 
E não estou nem no meio da viagem. "Mudmen" vem com ritmo bem compassado para a entrada triunfante de um solo belamente rasgado. 
Começo achar que a crítica deveria reconhecer mais o excelente disco. 
A levada da próxima música, "Childhood's End", é a cara da música da banda e vem com um balanço para chamar o matador solo seco de Gilmour. 
"Free Four" traz uma sonoridade bem pop e que me faz lembrar os Moody Blues e fala sobre a velhice e a morte. 
A música "Stay" traz o lindo piano de volta e um lindo arranjo de vocais. Guilmour deixa registrado um belo solo com wah wah. 
O disco entra na sua fase final para me deixar a certeza que será uma audição obrigatória por diversas vezes. 
Fecha com a viajante "Absolutely Curtains", que trafega por batidas e sonoridades isoladas com a intenção de buscar o simplesmente genial canto folclórico para terminar mais um grande disco da maior banda de rock progressivo de todos os tempos. Fundamental!


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