terça-feira, 31 de janeiro de 2017

O AMORRRRRRRR


Profundo! PARA MEDITAÇÃO - O amor, na sua essência, necessita de apenas três aditivos: correspondência, desejo físico e felicidade. Se alguém retribui seu sentimento, se o sexo é vigoroso e ambos se sentem felizes na companhia um do outro, nada mais deveria importar. Por nada entenda-se: não deveria importar se o outro sente atração por outras pessoas, se o outro gosta de às vezes ficar sozinho, se o outro tem preferências diferentes das suas, se o outro é mais moço ou mais velho, bonito ou feio, se vive em outro país ou no mesmo apartamento e quantas vezes telefona por dia. Tempo, pensamento, fantasia, libido e energia são solteiros e morrerão solteiros, mesmo contra nossa vontade. Não podemos lutar contra a independência das coisas. Alianças de ouro e demais rituais de matrimônio não nos casam. O amor é e sempre será autônomo. Fácil de escrever, bonito de imaginar, porém dificilmente realizável. Não é assim que estruturamos a sociedade. Amor se captura, se domestica e se guarda em casa. Quando o perdemos, sofremos. Nem paramos pra pensar na possibilidade de que poderíamos sofrer menos. Martha Medeiros.

R.I.P. John Wetton





Céus???? meu Deus! esse cara se foi. Um dos grandes Baixistas do Rock internacional JOHN WETTON R.I.P. Tocou no King Crimson, Uriah Heep, Roxy Music, Wishbone Ash, Family, Asia, UK, Ken Hensley band etc .... etc ... O Rock Progressivo perde um dos grandes!

Rest in Peace, John. 68 anos!
12/06/1949 – 31/01/2017


NOTICIÁRIO INTERNACIONAL

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Gente Tóxica





8 TIPOS DE PESSOAS TÓXICAS QUE ENVENENAM SUA VIDA:

“Quando uma pessoa tóxica já não pode controlá-lo, vai tentar controlar como os outros veem você. A desinformação parecerá injusta, mas confie que as outras pessoas eventualmente verão a verdade, assim como você fez.”- Jill Blakeway

Aqui estão oito tipos de pessoas tóxicas (e como elas podem envenenar sua vida):

1. As que sempre criticam

Por alguma razão estranha, muitas pessoas tóxicas ganham algo criticando incessantemente os outros. Esse comportamento é tão inaceitável quanto tóxico. Todos nós precisamos de pessoas em nossas vidas que “nos digam o que precisamos ouvir, não o que queremos ouvir”. Tal diálogo é chamado de “crítica construtiva” e pretende nos deixar em melhor situação. A crítica tóxica faz exatamente o oposto e nunca deve ser tolerada. Essas pessoas precisam ouvir que seu comportamento é indesejável e ofensivo.

2. Aquelas que desperdiçam nosso tempo

Pessoas tóxicas muitas vezes procuram atenção onde quer que puderem encontrá-la. Outras apenas desvalorizam o seu tempo; completamente alheias ao fato de que você tem coisas para fazer. Ambos os grupos de pessoas são tóxicos.

3. Aquelas que continuam a decepcionar a nós e aos outros

Como criaturas falíveis, vamos certamente decepcionar os outros em um momento ou outro. Talvez mais de uma vez – e está tudo bem; a menos que isso se torne um hábito usual. Então é tóxico. Se alguém em sua vida está repetindo este ciclo doloroso, é hora de fazer uma de duas coisas: (1) dizer-lhe que você não vai permitir que isso continue – e se isso acontecer, (2) tirar essa pessoa da sua vida.

4. As egocêntricas

Muitas pessoas tóxicas têm uma inclinação para o egocentrismo. Tudo gira em torno delas. Elas eliminam tudo que não as beneficia. A maioria das pessoas tóxicas desta natureza nunca mudam … então apenas deixe-as ir.

5. As obviamente indiferentes

Este tópico refere-se às pessoas que escolhemos manter em nossa vida, independentemente de sua atitude de indiferença. Quando amamos / gostamos / nos importamos com outro ser humano, e nossos sentimentos não são recíprocos, é um duro golpe. “O tempo cura todas as feridas” é um axioma que certamente se aplica neste caso. Você não pode forçar outra pessoa a se importar. Talvez a melhor opção seja deixar ir.

6. Aquelas que protegem os invejosos

É bom ser um pouco invejoso de vez em quando. No entanto, quando alguém está sempre com inveja, é difícil estar em sua presença. Primeiro, essas pessoas quase nunca são gratas pelo que já têm. Em segundo lugar, elas muitas vezes insultam e desacreditam verbalmente as pessoas que conseguem algum sucesso.

7. As continuamente negativas

Isso é auto explicativo. Essas pessoas são extremamente venenosas, porque a energia negativa é potente. Estamos muito mais propensos a desenvolver um estado de espírito negativo na presença de tais pessoas. Precisamos sair de sua presença.

8. Aqueles que “brincam com o cartão da vítima”.

Recusar-se a assumir a responsabilidade; discutir constantemente com os outros; manter rancores; culpar uma pessoa inocente. Estas são todas atitudes e comportamentos comuns de alguém com uma mentalidade de vítima. Esse é um indicador óbvio de mentalidade imatura, mas também tem um efeito tóxico sobre os outros. Ninguém quer estar perto de alguém que se recusa a assumir responsabilidade por si mesmo.

Traduzido pela equipe de O Segredo – Fonte: Power Of Positivity
Luiza Fletcher
Tradutora da equipe O Segredo!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

ANSIEDADES??? ....



“Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele 
tem cuidado de vós.”

(I Pedro, 5:7)

As ansiedades armam muitos crimes e jamais edificam algo de útil na Terra.

Invariavelmente, o homem precipitado conta com todas as probabilidades contra si. 
Opondo­-se às inquietações angustiosas, falam as lições de paciência da Natureza, em todos os setores do caminho humano. 

Se o homem nascesse para andar ansioso, seria dizer que veio ao mundo, não na categoria de trabalhador em tarefa santificante, mas por desesperado sem remissão. 

Se a criatura refletisse mais sensatamente, reconheceria o conteúdo de serviço que os momentos de cada dia lhe podem oferecer e saberia vigiar, com acentuado valor, os patrimônios próprios. 

Indubitável que as paisagens se modificarão incessantemente, compelindo­ nos a enfrentar surpresas desagradáveis, decorrentes de nossa atitude inadequada, na alegria ou na dor; contudo, representa impositivo da lei a nossa obrigação de prosseguir diariamente, na direção do bem. 

A ansiedade tentará violentar corações generosos, porque as estradas terrenas desdobram muitos ângulos obscuros e problemas de solução difícil; entretanto, não nos esqueçamos da receita de Pedro. Lança as inquietudes sobre as tuas esperanças em Nosso Pai Celestial, porque o Divino Amor cogita do bem-­estar de todos nós. 

Justo é desejar, firmemente, a vitória da luz, buscar a paz com perseverança, disciplinar­-se para a união com os planos superiores, insistir por sintonizar­-se com as esferas mais altas. 

Não olvides, porém, que a ansiedade precede sempre a ação de cair.

Vigiai e Orai

PAZ e LUZ: Tulio



quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

2006 / 2017

ESTAMOS TODOS NO INFERNO ???? nada mudou.

A entrevista pelo traficante Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder do PCC e publicada na edição impressa do Jornal O Globo do dia 23 de maio de 2006 é uma obra de ficção. 
O autor é Arnaldo Jabor, que publicou o artigo naquele formato em sua coluna na publicação carioca com o título "Estamos todos no inferno".
Apesar de quase 11 anos depois, a pertinência e atualidade do assunto ainda é tanta que voltou a circular nas redes sociais Vale a pena recordar.
Estamos todos no inferno. Não há solução, pois não conhecemos nem o problema.

O GLOBO: Você é do PCC?
– Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos. Eu era pobre e invisível… vocês nunca me olharam durante décadas… E antigamente era mole resolver o problema da miséria… O diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas, ralas periferias… A solução é que nunca vinha… 
Que fizeram? Nada. 
O governo federal alguma vez alocou uma verba para nós? Nós só aparecíamos nos desabamentos no morro ou nas músicas românticas sobre a “beleza dos morros ao amanhecer”, essas coisas… Agora, estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de medo… Nós somos o início tardio de vossa consciência social… Viu? Sou culto… Leio Dante na prisão…

O GLOBO: – Mas… a solução seria…
– Solução? Não há mais solução, cara… A própria idéia de “solução” já é um erro. Já olhou o tamanho das 560 favelas do Rio? Já andou de helicóptero por cima da periferia de São Paulo? Solução como?
Só viria com muitos bilhões de dólares gastos organizadamente, com um governante de alto nível, uma imensa vontade política, crescimento econômico, revolução na educação, urbanização geral; e tudo teria de ser sob a batuta quase que de uma “tirania esclarecida”, que pulasse por cima da paralisia burocrática secular, que passasse por cima do Legislativo cúmplice (Ou você acha que os 287 sanguessugas vão agir? Se bobear, vão roubar até o PCC…) e do Judiciário, que impede punições.
Teria de haver uma reforma radical do processo penal do país, teria de haver comunicação e inteligência entre polícias municipais, estaduais e federais (nós fazemos até conference calls entre presídios…). E tudo isso custaria bilhões de dólares e implicaria numa mudança psicossocial profunda na estrutura política do país. Ou seja: é impossível. Não há solução.

O GLOBO: – Você não têm medo de morrer?
– Vocês é que têm medo de morrer, eu não. Aliás, aqui na cadeia vocês não podem entrar e me matar… mas eu posso mandar matar vocês lá fora…. Nós somos homens-bomba. Na favela tem cem mil homens-bomba… Estamos no centro do Insolúvel, mesmo… Vocês no bem e eu no mal e, no meio, a fronteira da morte, a única fronteira. Já somos uma outra espécie, já somos outros bichos, diferentes de vocês. A morte para vocês é um drama cristão numa cama, no ataque do coração… A morte para nós é o presunto diário, desovado numa vala… Vocês intelectuais não falavam em luta de classes, em “seja marginal, seja herói”? Pois é: chegamos, somos nós! Ha, ha… Vocês nunca esperavam esses guerreiros do pó, né? Eu sou inteligente. Eu leio, li 3.000 livros e leio Dante… mas meus soldados todos são estranhas anomalias do desenvolvimento torto desse país. Não há mais proletários, ou infelizes ou explorados. Há uma terceira coisa crescendo aí fora, cultivado na lama, se educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias, como um monstro Alien escondido nas brechas da cidade. Já surgiu uma nova linguagem. Vocês não ouvem as gravações feitas “com autorização da Justiça”? Pois é. É outra língua. Estamos diante de uma espécie de pós-miséria. Isso. A pós-miséria gera uma nova cultura assassina, ajudada pela tecnologia, satélites, celulares, internet, armas modernas. É a merda com chips, com megabytes. Meus comandados são uma mutação da espécie social, são fungos de um grande erro sujo.

O GLOBO: – O que mudou nas periferias?
– Grana. A gente hoje tem. Você acha que quem tem US$40 milhões como o Beira-Mar não manda? Com 40 milhões a prisão é um hotel, um escritório… 
Qual a polícia que vai queimar essa mina de ouro, tá ligado? Nós somos uma empresa moderna, rica. Se funcionário vacila, é despedido e jogado no “microondas”… ha, ha… Vocês são o Estado quebrado, dominado por incompetentes. Nós temos métodos ágeis de gestão. Vocês são lentos e burocráticos. Nós lutamos em terreno próprio. Vocês, em terra estranha. Nós não tememos a morte. Vocês morrem de medo. Nós somos bem armados. Vocês vão de três-oitão. Nós estamos no ataque. Vocês, na defesa. Vocês têm mania de humanismo. Nós somos cruéis, sem piedade. Vocês nos transformam em superstars do crime. Nós fazemos vocês de palhaços. Nós somos ajudados pela população das favelas, por medo ou por amor. Vocês são odiados. Vocês são regionais, provincianos. Nossas armas e produto vêm de fora, somos globais. Nós não esquecemos de vocês, são nossos fregueses. Vocês nos esquecem assim que passa o surto de violência.

O GLOBO: – Mas o que devemos fazer?
– Vou dar um toque, mesmo contra mim. Peguem os barões do pó! Tem deputado, senador, tem generais, tem até ex-presidentes do Paraguai nas paradas de cocaína e armas. Mas quem vai fazer isso? O Exército? Com que grana? Não tem dinheiro nem para o rancho dos recrutas… O país está quebrado, sustentando um Estado morto a juros de 20% ao ano, e o Lula ainda aumenta os gastos públicos, empregando 40 mil picaretas. O Exército vai lutar contra o PCC e o CV? Estou lendo o Klausewitz, “Sobre a guerra”. Não há perspectiva de êxito… Nós somos formigas devoradoras, escondidas nas brechas… A gente já tem até foguete anti-tanques… Se bobear, vão rolar uns Stingers aí… Pra acabar com a gente, só jogando bomba atômica nas favelas… Aliás, a gente acaba arranjando também “umazinha”, daquelas bombas sujas mesmo. Já pensou? Ipanema radioativa?

O GLOBO: – Mas… não haveria solução?
– Vocês só podem chegar a algum sucesso se desistirem de defender a “normalidade”. Não há mais normalidade alguma. Vocês precisam fazer uma autocrítica da própria incompetência. Mas vou ser franco…na boa… na moral… Estamos todos no centro do Insolúvel. Só que nós vivemos dele e vocês… não têm saída. Só a merda. E nós já trabalhamos dentro dela. Olha aqui, mano, não há solução. Sabem por quê? Porque vocês não entendem nem a extensão do problema. Como escreveu o divino Dante: “Lasciate ogna speranza voi cheentrate!” Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno."

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

I am the Warlus BEATLES

Resenha de Fernando Barreto:

I am the Walrus 1967

Com “I am the walrus” estamos frente a um dos textos mais complexos e barrocos não só dos Beatles mais, de toda a música pop. Nela estão impressas todas as novas experiências e conhecimentos que, especialmente John, ia adquirindo. A marijuana e o LSD, junto com a nova amizade com Bob Dylan, tinham provocado uma mudança de consciência e, por conseguinte, as letras dos Beatles se tornaram mais complexas. Surrealismo e superposição de palavras associadas de forma muito livre e irracional, às vezes somente pelo seu valor fonético, como o próprio autor reconheceu:
“Em algumas das melhores composições, das mais delirantes, como “I am the walrus”, tem estrofes, como a primeira, que escrevi sem ter idéia alguma do que queria dizer. Tinha estas duas linhas na máquina de escrever, “I am here as you are here as we are all together”. Duas semanas depois escrevi mais duas linhas e quando vi as quatro juntas comecei a cantar como se fosse uma sirene de polícia e troquei “here” por “he” e “me”: ”I am he as you are he as you are me as we are all together”.
O ritmo de uma sirene e os demais elementos da letra sugere claramente alusões aos “inimigos da desordem pública”: “pigs from a gun”.
Porcos com asas e o titulo da canção nos levam à sua principal fonte de inspiração: Lewis Carrol.
No quarto capítulo de “Alice no País dos Espelhos” a personagem “Tweedledee” recita o poema “A Morsa e o Carpinteiro” no qual a morsa fala às ostras sobre como os “porcos astutamente voam” com o propósito de desviar a sua atenção para depois, poder comê-las ao mesmo tempo em que chora lágrimas de crocodilo, (um dos versos de “I am the Warlus” é “I´m crying”).
Diz o texto de Carrol:
- Choro por vocês! - gemia a morsa.
- quanta pena me causais! - seguia lamentando-se a morsa e entre lágrimas e soluços escolhia as ostras de maior tamanho.
“A Morsa e o Carpinteiro” como descrevi na minha interpretação de “Come Together”, é um poema muito conhecido da literatura inglesa e representa o apetite voraz dos políticos ingleses. Estas figuras tão conhecidas de nós brasileiros que derramam suas lágrimas pelos menos favorecidos enquanto dividem o fruto dos seus roubos. John parece identificar-se com a morsa: um rico e famoso ídolo pop, chorando pelos males da humanidade em sua mansão de milhões de libras.
Outra figura tomada de Carrol e sua Alice é sem dúvida “Humpty Dumpty”, o “homem ovo”, do capítulo seis do mesmo livro. Personagem também muito popular do universo infantil inglês, e que tem conotações políticas em seu uso adulto: um ovo que possui características humanas e que fica encima do muro, morrendo de medo de cair para um lado ou outro e em consequência se quebrar. Mais uma vez John se identifica com outro personagem, “I am the eggman”-diz, obrigado a ficar, naquele tempo, sem poder tomar partido de um lado ou de outro por causa da responsabilidade que a visibilidade da sua fama lhe dava.
Tudo isso não tem nada de estranho: John falou repetidas vezes que sua obra favorita, e que mais o havia influenciado era “Alice no País das Maravilhas”. Este livro é a segunda obra mais célebre na Inglaterra, depois da Bíblia. O livro de Carrol começa assim:
“Sob um ensolarado céu, uma barca desliza silenciosamente num sonho numa tarde de verão”.
E numa outra conhecidíssima letra de Lennon temos:
“Picture yourself in a boat on a river”.
Mas as complicações não acabam aqui. Outros elementos aparecem de forma mais obscura e que são indecifráveis para os nossos lusitanos ouvidos.
No final da canção ouvimos um dialogo entre dois homens e as suas vozes se perdem, às vezes, como numa emissora de radio mal sintonizada.
Os que falam se chamam Gloucester e Edgar: trata-se da sexta cena do quarto ato da peça “Rei Lear” de Sakespeare:
-Bom cavalheiro, quem sois?
-um homem muito pobre a quem os tropeços da fortuna têm amansado; que por parte das suas próprias aflições, conhecidas e experimentadas, aprendeu a compadecer-se com as alheias.
Neste ponto o dialogo é encoberto pela música para retornar pouco depois com mais um personagem, Oswald.
OSWALD: “Se quereis prosperar, dai-me sepultura e entrega a Edmund, conde de Gloucester, a carta que acharas sobre mim. Poderás encontrá-lo no acampamento bretão. Oh intempestiva morte! Oh morte!” (Morre).
EDGAR: “Conheço-te bem malvado oficioso, tão aferrado aos vícios da tua ama quanto à perversidade o pudera desejar”.
GLOUCESTER: “Como? Está morto?”
EDGAR: “Sentai-vos, pai, repousai”. 
Nesta parte a música acaba abruptamente e a canção termina.
È difícil destilar as intenções de John em relação a “I am the Walrus”. Poderia tratar-se duma homenagem tripla a Lewis Carrol, Edgar Allan Poe, (citado na letra) e Edward Lear, três mitos da literatura e que contavam com grande admiração por parte de Lennon. “Paperback Writer” foi dedicada a E. Lear e os três aparecem na capa do álbum “Sgt. Pepper”. Também pode ser que os fragmentos de “Rei Lear” remitam a Shakespeare já que essa obra retrata como poucas a desorganização social, na qual até a verdade provem da boca dos loucos.
Com “I am the Warlus” as letras dos Beatles alcançam o cume duma sofisticação difícil de superar. Penso que a temática desta hermética letra trata de como todos nos, modernos cidadãos do pós-modernismo, somos hipócritas. Choramos e lamentamos a precária situação dos desfavorecidos pela fortuna, vitimas de sistemas e governos tirânicos, enquanto dormimos fofinhos nas nossas camas confortáveis, no doce balanço dos nossos aparelhos de ar-condicionado. Nós, lamurientas morsas e medrosos homens-ovo; criticamos os políticos ladrões enquanto compramos drogas e produtos piratas, financiando o crime organizado. Criticamos a falta de educação do “povo”, ao mesmo tempo em que fazemos “gatos” de luz, jogamos lixo pelas janelas e estacionamos nossos carros encima da calçada. Reclamamos da injusta divisão de riquezas e acumulamos trecos e geringonças inúteis que descartamos assim que nos enchemos delas. Entregamos os problemas sociais nas mãos da polícia ao invés de arregaçar as mangas e fazer cada um a sua parte. Queixamo-nos da violência doméstica e fazemos da cachaça um patrimônio nacional. 
Com esta delirante superposição de imagens absurdas, o autor descreve o total caos em que tão orgulhosamente vivemos. Sempre admirei a honestidade de John Lennon ao colocar o dedo nas feridas que mais tentamos esconder, colocando-se, ele mesmo, como exemplo. 
 Com estas “explicações”, segue aqui a minha livre “tradução”.
No final transcrevi em inglês o trecho de Shakespeare para poder ser identificado em audição no final da canção.
(prefiro o termo “canção” ao de “música” por motivos óbvios, sei que os meus irmãos e irmãs, de espírito livre, entenderão).

I AM THE WALRUS (eu Sou a Morsa)
I am he as you are he and you are me
And we are all together.
See how they run like pigs from a gun 
See how they fly. I´m crying.

Eu sou ele como vocês são ele como vocês são eu
E nós estamos todos juntos.
Vejam-nos correr como porcos disparados por um canhão; vejam como voam. Estou chorando.

Sitting on a cornflake, waiting for the van to come.
Sentado num floco de milho, esperando a ambulância do hospício.
Corporation T-shirt, stupid bloody Tuesday
Man you´ve been a naughty, 
Boy you let your face grow long.

Camiseta da corporação, maldita terça-feira idiota,
Cara você foi um depravado
Garoto você se deixou entristecer.

I am the egg man oh, they are the egg men oh,
I am the walrus, GOO GOO G´JOOB!

Eu sou o homem-ovo, eles são os homens-ovo,
Eu sou a morsa, que cagada!

Mr. City policeman sitting preety little
Polliceman in a row.
See how they fly like lucy in the sky,
See how they run. I´m crying.

Senhor policia municipal, precioso agentezinho
Colocado numa fila.
Vejam como voam como “Lucy in the Sky”
Vejam como correm. Estou chorando.

Yellow matter custard, dripping from a dead dog´s eye.
Crabalocker fishwife, pornographic priestess,
Boy you´ve been a naughty, girl you let your knickers down.

Uma substancia amarela e cremosa goteja
Do olho dum cachorro morto.
Pescadora de molinete, sacerdotisa pornográfica,
Cara, você foi uma depravada
Você se deixou abaixar as calcinhas.

I am the egg man oh, they are the egg men oh,
I am the walrus, GOO GOO G´JOOB!

Eu sou o homem-ovo, eles são os homens-ovo,
Eu sou a morsa, que cagada!

Sitting in an English garden waiting for the sun.
If the sun don´t come you get a tan
From standing in the English rain.

Sentado em um jardim inglês esperando pelo sol,
Se o sol não vem você pega um bronzeado,
De pé debaixo da chuva inglesa.

I am the egg man oh, they are the egg men oh,
I am the walrus, GOO GOO G´JOOB!

Eu sou o homem-ovo, eles são os homens-ovo,
Eu sou a morsa, que cagada!

Expert texpert chocking smokers
Don´t you think the joker laughs at you?
Ho ho ho, hee hee hee, ha ha ha!

Especialista, têxtil-especialista, fumantes asfixiando-se
Não acham que o piadista ri de vocês?
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!

See how they smile,like pigs in a sty,
See how thei snied. I´m crying.

Vejam-nos rir, como porcos de um cortiço,
Vejam como riem maliciosos, estou chorando.

Semolina pilchards, climbing up the Eiffel Tower.
Elementary penguin singing Hare Krishna
Man you should have seen them
Kicking Edgar Allan Poe.

Sardinhas de angu, escalando a Torre Eiffel.
Pingüim elementar cantando Hare Krishna,
Cara, você precisava vê-los chutando o Edgar Allan Poe.

I am the egg man oh, they are the egg men oh,
I am the walrus, GOO GOO G´JOOB!

Eu sou o homem-ovo, eles são os homens-ovo,
Eu sou a morsa, que cagada!

Trecho de “Rei Lear” de Shakespeare ouvido no final da canção:
GLOUCESTER:
-Now good Sir, what are you?
EDGAR:
-A most poor man, made tame to Fortune´s blows who, by the art of known, and feeling sorrows, Am pregnant to good pity.

(aqui a música abafa o diálogo, que volta logo em seguida):
OSWALD:
-If ever thou wilt thrive, bury my body, and give the letters which thou find´st about me, to Edmund Earl of Gloucester: seek him out upon the English party. O untimely death, death…
(Dies)
EDGAR:
- I know thee well. A serviceable villain, as duteous to the vices of the Mistress, as badness would desire.
GLOUCESTER:
-What, is he dead?
EDGAR:
-Sit you down father: rest you.

Musicalmente a composição é bastante colorida, além da formação clássica da banda de, duas guitarras, baixo e bateria, temos um piano processado por algum truque de estúdio da época, mais um arranjo bem moderno de cordas, cortesia de George Martin (arranjador,produtor e cérebro teórico-musical por trás dos Beatles).
A música também conta com efeitos sonoros parecidos com os encontrados antes, em “Tomorrow Never Knows” do álbum “Revolver”. Tudo isso bem de acordo com os psicodélicos tempos que estavam começando e prenunciando o Rock Progressivo que viria mais tarde, no inicio dos anos setenta. Uma obra definitivamente futurística para a época (o álbum foi lançado em Dezembro de 1967), e que continua adiantada ainda em nosso século XXI, dado o imenso volume de lixo musical ao qual estamos submetidos nos dias de hoje.
Daqui em diante os Beatles abandonariam o surrealismo 
lírico e musical voltando a suas raízes, ou seja, o Rock and 
Roll básico. 
Depois da complexidade de “Sgt. Pepper” e “Magical Mystery Tour” (de onde walrus saiu), os Beatles se dedicaram a um som mais agressivo, definido e pesado, com letras mais simples e diretas (mesmo banais), objetivo que alcançaram já no ano seguinte com o “Álbum Branco” e o compacto “Lady Madonna”.

Fernando Barreto

vai ae um cover da minha banda de 1999 pois o youTube tem vetado o som por direitos autorais