O show de Carl Palmer no CCBB-Rio:
o baterista desceu o braço e as diferenças etárias no palco e na plateia desapareceram como em passe de mágica.
Resenha de Antonio Ernesto Martins,
especial para a Coluna do LAM
especial para a Coluna do LAM
No sábado passado (18 jan. 2014) a Carl Palmer Band
aterrissou na tenda montada ao lado do CCBB do Rio de Janeiro
para um show
dentro da programação da Mostra
Internacional de Rock Progressivo.
Oportunidade
única para os aficionados desse estilo que,
depois do auge nos anos 70, caiu no
descrédito em tempos
de música previsível, preguiçosa e de fácil digestão, com
pouca – ou nenhuma - elaboração rítmica e conceitual.
Já nos arredores do evento era possível identificar os
cabelos longos – dos que conseguiram conservá-los - e
grisalhos que se
esparramavam timidamente sobre as
indefectíveis t-shirts com estampas de grupos
como Yes,
Pink Floyd, Gentle Giant, Jethro Tull e outros jurássicos
dando um clima de deja vu que só era contestado pela
presença também significativa de
jovens e até crianças
que, provavelmente, acompanhavam seus pais, tios e
avôs.
Lotação esgotada, casa cheia e muita expectativa até
que
Carl Palmer subiu ao palco acompanhado dos
jovens músicos Paul Bielatowicz
(guitarra) e Simon
Fitzpatrick (baixo). Em uma forma física invejável
para um
senhor prestes a completar 64 anos, Palmer
desceu o braço e as diferenças
etárias no palco e
na plateia desapareceram como em passe de mágica.
O entrosamento da banda e o virtuosismo dos músicos
que
acompanhavam Palmer já puderam ser constatados
nos primeiros acordes, mas não
diminuíram a expectativa
dos fãs do Emerson, Lake & Palmer que
esperavam ver
um revival do repertório da banda, um dos mais
vitoriosos e marcantes grupos de rock progressivo de
todos os tempos.
Mas o Power trio
montado por Palmer foi além.
Números como Knife Edge (ELP-1970) e Hoedown
(Trilogy-1972)
mostraram o franzino Paul Bielatowicz
se agigantando em novos arranjos sem a
pretensão de
ocupar espaços deixados pela ausência do órgão
Hammond e do
sintetizador Moog de Keith Emerson
que foram a marca registrada do som do ELP.
E a opção de partir para um som mais pesado e original,
embora ainda marcado
pelas tradicionais convenções
extraídas da música clássica, parece que foi a
escolha certa.
Foi possível confirmar isso a partir da execução
primorosa do
movimento O Fortuna da ópera Carmina
Burana, que levantou os primeiros aplausos
realmente
enlouquecidos da plateia.
E as gratas surpresas continuaram com o solo do
excepcional baixista Simon Fitzpatrick que
contemplou o público com uma versão emocionante
de Stairway to Heaven do Led.
Falar sobre a bateria de Palmer é um desafio,
pois nela a levada e o solo se confundem e nunca
conseguimos adivinhar para
onde o músico vai antes que
ele chegue lá.
E é exatamente isso que fez com que
o show na
tenda do CCBB se transformasse em um dos shows que
vou guardar na
prateleira dos melhores que já assisti.
O show foi mais curto do que todos esperavam, mas o bis
com Fanfare for the Common Man, com direito a solo
apoteótico e irreverente de Mr. Palmer compensou.
Nota 10 também para o som
extremamente bem equalizado.
Para os que acreditam que o rock progressivo é um estilo
superado
e chato, com suas suítes lisérgicas intermináveis e estéreis, a Carl
Palmer Band mostrou aos cariocas que diante de tanta
mediocridade que reina na
música mundial, uma progressive
band pode fazer algo muito importante e
necessário:
surpreender-nos positivamente, com um virtuosismo que não é
uma
simples masturbação musical, mas que se comunica com o
público e nos tira do
conforto e do lugar comum. Showzaço
onde Carl Palmer exibiu talento e simpatia,
autografando
pôsteres e CDs após a apresentação. Única resalva foi a ausência,
apesar de inúmeros pedidos urrados pela plateia e por mim, de
pelo menos um
trecho do álbum Tarkus (1971), em minha
opinião, o melhor do ELP.
No sábado passado (18 jan. 2014) a Carl Palmer Band
aterrissou na tenda montada ao lado do CCBB do Rio de Janeiro
para um show
dentro da programação da Mostra
Internacional de Rock Progressivo.
Internacional de Rock Progressivo.
Oportunidade
única para os aficionados desse estilo que,
depois do auge nos anos 70, caiu no
descrédito em tempos
de música previsível, preguiçosa e de fácil digestão, com
pouca – ou nenhuma - elaboração rítmica e conceitual.
pouca – ou nenhuma - elaboração rítmica e conceitual.
Já nos arredores do evento era possível identificar os
cabelos longos – dos que conseguiram conservá-los - e
grisalhos que se esparramavam timidamente sobre as
indefectíveis t-shirts com estampas de grupos como Yes,
Pink Floyd, Gentle Giant, Jethro Tull e outros jurássicos
dando um clima de deja vu que só era contestado pela
presença também significativa de jovens e até crianças
que, provavelmente, acompanhavam seus pais, tios e avôs.
cabelos longos – dos que conseguiram conservá-los - e
grisalhos que se esparramavam timidamente sobre as
indefectíveis t-shirts com estampas de grupos como Yes,
Pink Floyd, Gentle Giant, Jethro Tull e outros jurássicos
dando um clima de deja vu que só era contestado pela
presença também significativa de jovens e até crianças
que, provavelmente, acompanhavam seus pais, tios e avôs.
Lotação esgotada, casa cheia e muita expectativa até
que
Carl Palmer subiu ao palco acompanhado dos
jovens músicos Paul Bielatowicz
(guitarra) e Simon
Fitzpatrick (baixo). Em uma forma física invejável
para um
senhor prestes a completar 64 anos, Palmer
desceu o braço e as diferenças
etárias no palco e
na plateia desapareceram como em passe de mágica.
na plateia desapareceram como em passe de mágica.
O entrosamento da banda e o virtuosismo dos músicos
que
acompanhavam Palmer já puderam ser constatados
nos primeiros acordes, mas não
diminuíram a expectativa
dos fãs do Emerson, Lake & Palmer que
esperavam ver
um revival do repertório da banda, um dos mais
vitoriosos e marcantes grupos de rock progressivo de
todos os tempos.
vitoriosos e marcantes grupos de rock progressivo de
todos os tempos.
Mas o Power trio
montado por Palmer foi além.
Números como Knife Edge (ELP-1970) e Hoedown
(Trilogy-1972) mostraram o franzino Paul Bielatowicz
se agigantando em novos arranjos sem a pretensão de
ocupar espaços deixados pela ausência do órgão
Hammond e do sintetizador Moog de Keith Emerson
que foram a marca registrada do som do ELP.
(Trilogy-1972) mostraram o franzino Paul Bielatowicz
se agigantando em novos arranjos sem a pretensão de
ocupar espaços deixados pela ausência do órgão
Hammond e do sintetizador Moog de Keith Emerson
que foram a marca registrada do som do ELP.
E a opção de partir para um som mais pesado e original,
embora ainda marcado
pelas tradicionais convenções
extraídas da música clássica, parece que foi a
escolha certa.
extraídas da música clássica, parece que foi a
escolha certa.
Foi possível confirmar isso a partir da execução
primorosa do movimento O Fortuna da ópera Carmina
Burana, que levantou os primeiros aplausos realmente
enlouquecidos da plateia.
primorosa do movimento O Fortuna da ópera Carmina
Burana, que levantou os primeiros aplausos realmente
enlouquecidos da plateia.
E as gratas surpresas continuaram com o solo do
excepcional baixista Simon Fitzpatrick que
contemplou o público com uma versão emocionante
de Stairway to Heaven do Led.
excepcional baixista Simon Fitzpatrick que
contemplou o público com uma versão emocionante
de Stairway to Heaven do Led.
Falar sobre a bateria de Palmer é um desafio,
pois nela a levada e o solo se confundem e nunca
conseguimos adivinhar para onde o músico vai antes que
ele chegue lá.
pois nela a levada e o solo se confundem e nunca
conseguimos adivinhar para onde o músico vai antes que
ele chegue lá.
E é exatamente isso que fez com que
o show na
tenda do CCBB se transformasse em um dos shows que
vou guardar na prateleira dos melhores que já assisti.
O show foi mais curto do que todos esperavam, mas o bis
com Fanfare for the Common Man, com direito a solo
apoteótico e irreverente de Mr. Palmer compensou.
Nota 10 também para o som extremamente bem equalizado.
tenda do CCBB se transformasse em um dos shows que
vou guardar na prateleira dos melhores que já assisti.
O show foi mais curto do que todos esperavam, mas o bis
com Fanfare for the Common Man, com direito a solo
apoteótico e irreverente de Mr. Palmer compensou.
Nota 10 também para o som extremamente bem equalizado.
Para os que acreditam que o rock progressivo é um estilo
superado
e chato, com suas suítes lisérgicas intermináveis e estéreis, a Carl
Palmer Band mostrou aos cariocas que diante de tanta
mediocridade que reina na música mundial, uma progressive
band pode fazer algo muito importante e necessário:
surpreender-nos positivamente, com um virtuosismo que não é
uma simples masturbação musical, mas que se comunica com o
público e nos tira do conforto e do lugar comum. Showzaço
onde Carl Palmer exibiu talento e simpatia, autografando
pôsteres e CDs após a apresentação. Única resalva foi a ausência,
apesar de inúmeros pedidos urrados pela plateia e por mim, de
pelo menos um trecho do álbum Tarkus (1971), em minha
opinião, o melhor do ELP.
mediocridade que reina na música mundial, uma progressive
band pode fazer algo muito importante e necessário:
surpreender-nos positivamente, com um virtuosismo que não é
uma simples masturbação musical, mas que se comunica com o
público e nos tira do conforto e do lugar comum. Showzaço
onde Carl Palmer exibiu talento e simpatia, autografando
pôsteres e CDs após a apresentação. Única resalva foi a ausência,
apesar de inúmeros pedidos urrados pela plateia e por mim, de
pelo menos um trecho do álbum Tarkus (1971), em minha
opinião, o melhor do ELP.
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