EUROPA DESAFIADA
Por: Aristoteles Drummond (jornalista, e vice-presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro) 
      Paris, 26 outubro – A crise na Europa  é uma realidade. Medidas severas devem ser  efetivadas ou as  consequências serão graves para todos. Os governos de esquerda  da Espanha, Grécia e Portugal promovem  ajustes sérios e corretos, mas sem a percepção dos mercados de que terão coragem política (e moral) para  enfrentarem as badernas  sindicais. Na França, tem sido diferente, pois o líder Sarkozy   tem coragem e, no fundo, herdou problemas de uma série  de governos de  esquerda irresponsáveis e alguns conservadores  sem coragem.   Apesar da  baderna  tomar conta do  país, com prejuízos calculados em mais de  quatro bilhões de euros. Na Espanha, os gastos públicos,  federais e nas províncias, têm um custo estimado em 25 mil reais (pouco mais de  10 mil euros), por ano, para cada cidadão  espanhol. Uma loucura!
      Tudo depende da coragem ser levada às últimas consequências, inclusive  com o uso, não apenas da forca policial,  mas também das próprias Forcas Armadas,  como no caso da desocupação de refinarias e estradas. O primeiro ministro da Espanha  renovou seu ministério  e promete  cumprir os cortes. As ameaças  sindicais, porém, são grandes e não  se sabe até onde poderá levar as  medidas a fundo. 
      Os melhores exemplos nesta Europa assustada e enfraquecida estão com os conservadores da Alemanha e da Inglaterra. Estes dois países mostram juízo, coragem  e espírito público. Nenhum dos dois  governos está pensando na próxima eleição, mas, sim, na geração futura.
      Portugal, por exemplo, não conseguirá captar investimentos, e gerar empregos,  com a legislação  trabalhista que tem. Paga-se 14 salários por ano e os  demitidos só deixam as empresas  depois de julgadas suas demissões na Justiça.  Parece um absurdo nestes anos 2000, mas é verdade. Um divórcio em Portugal, como na Grécia,  é muito mais rápido do que a demissão de um mau empregado.
      Na conjuntura atual,  todos sabem o que fazer, onde cortar, onde foram  ousados nas  liberalidades. Mas o diferencial fica por conta da determinação de   resolver o problema, apesar da baderna de um sindicalismo selvagem, violento e irresponsável. Sem o uso da força e da lei  contra os  transgressores nada será possível e a crise acaba se agravando. 
     O positivo nesse quadro todo é que as pesquisas mostram apoio da opinião pública  às medidas fortes, aos cortes,  dada a dimensão dos problemas. Mas o  pessoal da baderna tem mídia e uma cumplicidade  do mundo intelectual  que ainda sobrevive, apesar da virada da sociedade mais  culta do mundo,  como se verificou nos prêmios  Nobel deste ano.  Coragem não faltou a Academia  que elege os premiados  para atender a um  dissidente chinês e a um escritor que rompeu com as esquerdas.
     O desafio europeu não deixa  de ser um ensaio para os americanos – do Norte e do Sul –, que têm muita coisa para ser mudada para se evitar o pior.  Uma pena que o Brasil  passe ao  largo de temas como reforma trabalhista,  fiscal, do judiciário,  embora estas sejam as pautas que determinarão o futuro  das nações.  Ficamos discutindo o sexo dos anjos e a fé de candidatos agnósticos  ou  ateus. Mas não haverá como se fugir aos temas que dominam o mundo em crise. 
Seja qual for o eleito de domingo, vai ter de encarar este tipo de problema, de vez que nossas contas andam deterioradas pelo alto custeio publico e pelo déficit nas contas externas, que se refletem na divida publica interna que passou dos limites.
A mais, temos de ter consciência de que crise nos EUA e na Europa nos atingem profundamente. Não podemos viver no mundo da fantasia e das ilusões.
Seja qual for o eleito de domingo, vai ter de encarar este tipo de problema, de vez que nossas contas andam deterioradas pelo alto custeio publico e pelo déficit nas contas externas, que se refletem na divida publica interna que passou dos limites.
A mais, temos de ter consciência de que crise nos EUA e na Europa nos atingem profundamente. Não podemos viver no mundo da fantasia e das ilusões.


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