terça-feira, 31 de julho de 2018

FOCA no FOCUS


Formação clássica do Focus (1972-1973) Thijs Van Leer (flauta/teclados/vocais), Jan Akkerman (guitarra e violão), Pierre Van Der Linden (bateria) e Bert Ruiter (baixo).
Melhor banda não anglo-americana de todos os tempos. Formada pelos virtuoses Jan Akkerman (guitarra e violão) e Thijs Van Leer (flauta/teclados), em Amsterdam, o grupo foi completado por Martjn Dresden (baixo) e Hans Cleuver (bateria).

O primeiro disco, IN AND OUT OF FOCUS, lançado em 1970, pecou por sua indefinição musical. Mas trouxe três faixas notáveis que já eram um esboço do que o grupo viria a fazer em anos subseqüentes: FOCUS (primeira de uma série de cinco com esse nome), ANONYMOUS (primeira de duas) e HOUSE OF THE KING, ou seja, uma fusão de hard-rock, jazz, música folk holandesa e música erudita barroca, predominantemente instrumental.

Akkerman e Van Leer perceberam isso e sentiram a necessidade de fortalecer essa tendência e encorpar o som da banda. Com isso em mente, dispensaram Dresden e Cleuver, substituindo-os por Cyril Havermans e Pierre Van Der Linden respectivamente.

Em 1971 saiu a obra-prima: MOVING WAVES, o disco perfeito, uno, coeso, inspirado, um dos 100 MELHORES. Dentre suas seis faixas soberbas merecem destaque: JANIS, homenagem à maior cantora de blues de todos os tempos, morta durante as gravações do disco; HOCUS-POCUS, o megahit, com sua bizarra e inédita combinação de hard-rock com canto tirolês, é uma das culminâncias da originalidade e da criatividade; FOCUS II traz, talvez, a guitarra mais sentimental de todos os tempos, e a estarrecedora suíte ERUPTION, com seus mais de 23 minutos de duração, com inúmeras alternâncias de climas e uma beleza devastadora.

FOCUS III, de 1972, originalmente um álbum duplo, foi o mais bem-sucedido comercialmente, trazendo outro grande hit SYLVIA. Na verdade, das oito faixas do disco, somente ROUND GOES THE GOSSIP deixa a desejar. Assinalou a estréia de Bert Ruiter ao baixo e, por conseguinte, da formação clássica da banda.

AT THE RAINBOW, de 1973, foi o disco ao vivo do grupo, e, a rigor, um capítulo decepcionante na história do grupo, por ser burocrático, sem pique e inspiração. Entre versões econômicas e reduzidas de alguns clássicos da banda só se salvou HOCUS POCUS, por causa do improviso vocal de Van Leer. Marcou a despedida do mestre das baquetas Pierre Van Der Linden.

HAMBURGER CONCERTO, de 1974, é talvez o disco mais bem-arranjado de toda a história do rock. Os quatro músicos, com Collin Allen (ex-Stone The Crows) nas baquetas, executaram 58 instrumentos ao longo das cinco faixas do disco, sobretudo na suíte que lhe dá título. A única faixa que deixa a desejar é HARÉM SCAREM.

Apesar de ser um sucesso estrondoso entre os críticos, HAMBURGER CONCERTO foi mal de vendagens o que aborreceu, consideravelmente, Jan Akkerman, principal mentor do projeto como um todo.
Collin Allen não aprovou e foi substituído por David Kemper.

Com o horrendo MOTHER FOCUS, em 1975, ficou claro que a desmotivação de Akkerman e a falta de inspiração de Van Leer criou um vácuo de poder dentro do grupo do qual se aproveitou Bert Ruiter, principal compositor nesse disco, para assumir um papel de evidência, chegando ao ponto de fazer o solo vocal na pavorosa I NEED A BATHROOM, talvez o momento mais baixo de toda a carreira da banda.

Ruiter, excelente baixista, era mau compositor e vocalista. Pior que isso: era mau caráter, um elemento tipicamente desagregador, o chamado leva-e-traz, intrigante de marca maior. E ambicioso. Ele queria trazer o Focus para alturas maiores do que as atingidas por FOCUS III, principalmente nos EUA. Só que não tinha cacife para isso, e o resultado acabou sendo o oposto. Pela primeira vez, Van Leer utilizou sintetizadores. Os destaques resumiram-se a dois: FOCUS IV e a única música não-original gravada pelo grupo: NO HANG UPS, de Paul Stoppelman, um amigo de seus integrantes. Akkerman pulou fora, para seguir carreira-solo.
 
Em 1976, o produtor Mike Vernon editou SHIP OF MEMORIES, a CODA do Focus, com nove faixas pinçadas das formações todas do grupo, com predomínio para a terceira. Muitas delas superiores a algumas incluídas nos discos originais, principalmente a brilhante P’S MARCH, a música-síntese do Focus.

Em 1977 o triste epílogo veio sob a forma de FOCUS CON PROBY. Ao lado de Van Leer, que só toca sua flauta magistral em uma faixa, e Ruiter, estavam Steve Smith (bateria), dois guitarristas para substituir Jan Akkerman: o virtuose belga Phillip Catherine e o competente holandês Eef Albers, e o cantor pop P.J. Proby, cujo único momento transcendental ocorrera pouco mais de uma década antes ao iniciar um strip-tease num programa de auditório.

Desnecessário dizer os destaques únicos limitaram-se a faixas instrumentais que evocavam o Focus dos áureos tempos: a clássica SNEEZING BULL, de Catherine, única a contar com a flauta imbatível de Van Leer, e as boas NIGHT FLIGHT e ORION, de Albers. As músicas de Van Leer, muitas em parceria com sua mulher Rosalie nas letras, e todas com o ridículo Proby fazendo gargarejos roufenhos, são piadas de extremo mau gosto, atulhadas de sintetizadores.

O Focus visou seu passaporte para o Olimpo do rock, muito embora não tenha sabido parar na hora certa, que seria logo após o lançamento do glorioso HAMBURGER CONCERTO.

E CONTINUAM ATÉ A DATA DE ONTEM 30-07-2018 ahahahaha -----


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