"Por
isso vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que
haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de
vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as
vestes? " Mateus 6:25
(ensinado por Jesus há mais de dois mil anos)
(ensinado por Jesus há mais de dois mil anos)
Enquanto isso, numa relaxante caminhada pela praia de Itaipuaçu, sob o brilho intenso do astro rei, começo a refletir sobre ....
A Perigosa Obsessão Pelo Melhor.
Estamos obcecados com "o melhor". Não sei quando foi que começou essa mania e nem me pergunto, só sei que hoje só queremos saber do "melhor".
Tem
que ser o melhor computador, o melhor carro, o melhor emprego, a melhor
dieta, a melhor operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho, o
melhor companheiro, o mais veloz, o mais, mais, mais....
Bom não basta!
O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, com todo status, porque, afinal, estamos com "o melhor".
Isso até que outro "melhor" apareça e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer.
Novas marcas surgem a todo instante. Novas possibilidades também. E o que era melhor, de repente, parece-nos superado, modesto, aquém do que podemos ter.
O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa espécie de insatisfação permanente, num eterno desassossego.
Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter. Cada comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos. Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros (ah, os outros...) estão vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários.
Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor tênis. Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos. Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente.
Se não dirijo a 140, preciso realmente de um carro com tanta potência? Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de estresse porque é o melhor cargo da empresa?
E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto? O restaurante onde sinto saudades da comida de casa e vou porque tem o "melhor chef"? Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro? O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo "melhor cabeleireiro"?
Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixado ansiosos e nos impedido de desfrutar o "bom" que já temos. A casa que é pequena, mas nos acolhe. O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria.
A TV que está velha, mas nunca deu defeito. O homem (mulher) que tem defeitos, como nós, mas nos faz mais felizes do que os (as) homens (mulheres) "perfeito (a)s". As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu, mas vai me dar à chance de estar perto de quem amo... O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me constituem.
O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sente prazer. Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso? Ou será que isso já é o melhor e na busca do "melhor" a gente nem percebeu?
Acho que sofremos demais pelo pouco que nos falta e supostamente nos alegramos pouco pelo muito que temos.
Está na hora de pararmos, descermos e refletirmos se é isso mesmo que queremos de nós e de nossos semelhantes.
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