Os EUA estão doentes!!!
e nós aquí hein???? vou dizer o que????
É um crime social transformar a Saúde em mercadoria.
E as seguradoras mostram uma irresponsabilidade social assustadora
E A MODA AQUÍ JÁ TÁ PEGANDO!!!
Falta é Amor e respeito à vida Humana, isso sim!!!
Em sentido metafórico, a sociedade norte-americana está doente por muitas razões. Há mais de 30 anos passo alguns meses por ano nos EUA e tenho vindo a observar uma acumulação progressiva de "doenças", mas não é delas que quero escrever hoje. Hoje escrevo sobre doença no sentido literal e faço-o a propósito da Reforma do Sistema de Saúde em discussão final no Congresso.
As lições desta reforma para o nosso país são evidentes. Os EUA são o único país do mundo desenvolvido onde a Saúde foi transformada em mercadoria e o seu provimento entregue ao mercado privado das seguradoras.
Os resultados são assustadores. Gastam por ano duas vezes mais que qualquer outro país desenvolvido e, apesar disso, 49 milhões de cidadãos não têm qualquer seguro de saúde e 45 mil morrem por ano por falta dele. Mais, a cada passo surgem notícias aterradoras de pessoas com doenças graves a quem as seguradoras cancelam os seguros, a quem recusam pagar tratamentos que lhes poderiam salvar a vida ou a quem recusam vender o seguro por serem conhecidas as suas "condições preexistentes", ou seja, a probabilidade de virem a necessitar de cuidados de saúde dispendiosos no futuro.
A perversidade do sistema reside em que os lucros das seguradoras são tanto maiores quanto mais gente da classe média baixa ou trabalhadores de pequenas e médias empresas são excluídos, ou seja, grupos sociais que não aguentam constantes aumentos dos prémios de seguro que nada têm a ver com a inflação.
No meio de uma grave crise económica e alta taxa de desemprego, a seguradora Anthem Blue Cross que no ano passado declarou um aumento de 56% nos seus lucros anunciou há semanas uma subida de 39% nos prémios na Califórnia, o que provocaria a perda do seguro a 800 mil pessoas. A medida foi considerada criminosa e escandalosa por alguns membros do Congresso.
Por todas estas razões, há um consenso nos EUA de que é preciso reformar o Sistema de Saúde, e essa foi uma das promessas centrais da campanha de Obama. A sua proposta assentava em duas medidas principais: criar um sistema público, financiado pelo Estado, que, mesmo residual, pudesse dar uma opção aos que não conseguem pagar os seguros; regular o sector de modo que os aumentos dos prémios não pudessem ser decididos unilateralmente pelas seguradoras. Há um ano que a proposta de lei tramita no Congresso e não é seguro que a lei seja aprovada até à Páscoa, como pede o Presidente.
Mas a lei que virá a ser aprovada não contém nenhuma das propostas iniciais de Obama. Pela simples razão de que o lobing das seguradoras gastou 300 milhões de euros para pagar aos congressistas encarregados de elaborar a lei (para as suas campanhas, para as suas causas e, afinal, para os seus bolsos). Lobing é a forma legal do que no resto do mundo se chama corrupção.
A proposta, a ser aprovada, está de tal modo desfigurada que muitos sectores progressistas pensam que seria melhor não promulgar a lei. Entre outras coisas, a lei "entrega" às seguradoras cerca de 30 milhões de novos clientes sem qualquer controlo sobre o montante dos prémios. Os EUA estão doentes porque a democracia norte-americana está doente.
Que lições? Primeiro, é um crime social transformar a Saúde em mercadoria.
Segundo, uma vez dominantes no mercado, as seguradoras mostram uma irresponsabilidade social assustadora. Respondem perante os accionistas, não perante os cidadãos. Terceiro, têm armas poderosas para dominar os governos e a opinião pública. Em Portugal, convém-lhes demonizar o Serviço Nacional de Saúde só até ao ponto de retirar dele a classe média, mais sensível à falta de qualidade, mas nunca ao ponto de o eliminar pois, doutro modo, deixariam de ter o "caixote do lixo" para onde atirar os doentes que não querem.
Os mais ingénuos ficam perplexos perante os prejuízos dos hospitais públicos e os lucros dos privados. Não se deram conta de que os prejuízos dos hospitais públicos, por mais eficientes que sejam, serão cada vez mais a causa dos lucros dos hospitais privados.
E A MODA AQUÍ JÁ TÁ PEGANDO!!!
Falta é Amor e respeito à vida Humana, isso sim!!!
Em sentido metafórico, a sociedade norte-americana está doente por muitas razões. Há mais de 30 anos passo alguns meses por ano nos EUA e tenho vindo a observar uma acumulação progressiva de "doenças", mas não é delas que quero escrever hoje. Hoje escrevo sobre doença no sentido literal e faço-o a propósito da Reforma do Sistema de Saúde em discussão final no Congresso.
As lições desta reforma para o nosso país são evidentes. Os EUA são o único país do mundo desenvolvido onde a Saúde foi transformada em mercadoria e o seu provimento entregue ao mercado privado das seguradoras.
Os resultados são assustadores. Gastam por ano duas vezes mais que qualquer outro país desenvolvido e, apesar disso, 49 milhões de cidadãos não têm qualquer seguro de saúde e 45 mil morrem por ano por falta dele. Mais, a cada passo surgem notícias aterradoras de pessoas com doenças graves a quem as seguradoras cancelam os seguros, a quem recusam pagar tratamentos que lhes poderiam salvar a vida ou a quem recusam vender o seguro por serem conhecidas as suas "condições preexistentes", ou seja, a probabilidade de virem a necessitar de cuidados de saúde dispendiosos no futuro.
A perversidade do sistema reside em que os lucros das seguradoras são tanto maiores quanto mais gente da classe média baixa ou trabalhadores de pequenas e médias empresas são excluídos, ou seja, grupos sociais que não aguentam constantes aumentos dos prémios de seguro que nada têm a ver com a inflação.
No meio de uma grave crise económica e alta taxa de desemprego, a seguradora Anthem Blue Cross que no ano passado declarou um aumento de 56% nos seus lucros anunciou há semanas uma subida de 39% nos prémios na Califórnia, o que provocaria a perda do seguro a 800 mil pessoas. A medida foi considerada criminosa e escandalosa por alguns membros do Congresso.
Por todas estas razões, há um consenso nos EUA de que é preciso reformar o Sistema de Saúde, e essa foi uma das promessas centrais da campanha de Obama. A sua proposta assentava em duas medidas principais: criar um sistema público, financiado pelo Estado, que, mesmo residual, pudesse dar uma opção aos que não conseguem pagar os seguros; regular o sector de modo que os aumentos dos prémios não pudessem ser decididos unilateralmente pelas seguradoras. Há um ano que a proposta de lei tramita no Congresso e não é seguro que a lei seja aprovada até à Páscoa, como pede o Presidente.
Mas a lei que virá a ser aprovada não contém nenhuma das propostas iniciais de Obama. Pela simples razão de que o lobing das seguradoras gastou 300 milhões de euros para pagar aos congressistas encarregados de elaborar a lei (para as suas campanhas, para as suas causas e, afinal, para os seus bolsos). Lobing é a forma legal do que no resto do mundo se chama corrupção.
A proposta, a ser aprovada, está de tal modo desfigurada que muitos sectores progressistas pensam que seria melhor não promulgar a lei. Entre outras coisas, a lei "entrega" às seguradoras cerca de 30 milhões de novos clientes sem qualquer controlo sobre o montante dos prémios. Os EUA estão doentes porque a democracia norte-americana está doente.
Que lições? Primeiro, é um crime social transformar a Saúde em mercadoria.
Segundo, uma vez dominantes no mercado, as seguradoras mostram uma irresponsabilidade social assustadora. Respondem perante os accionistas, não perante os cidadãos. Terceiro, têm armas poderosas para dominar os governos e a opinião pública. Em Portugal, convém-lhes demonizar o Serviço Nacional de Saúde só até ao ponto de retirar dele a classe média, mais sensível à falta de qualidade, mas nunca ao ponto de o eliminar pois, doutro modo, deixariam de ter o "caixote do lixo" para onde atirar os doentes que não querem.
Os mais ingénuos ficam perplexos perante os prejuízos dos hospitais públicos e os lucros dos privados. Não se deram conta de que os prejuízos dos hospitais públicos, por mais eficientes que sejam, serão cada vez mais a causa dos lucros dos hospitais privados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário