segunda-feira, 27 de março de 2017

DANÇAR de ROSTO COLADO?



Rosto colado é coisa que os jovens de hoje não conhecem como preliminares de um ato de sedução.

Nesses bailes de antigamente (uma palavra dolorosa!), os jovens rastreavam o salão em busca da garota ideal para iniciar um romance.

Caso ela fosse localizada na mesa com, os pais, nossas pernas tremiam.

Um cuba libre (rum com coca-cola)  talvez fosse o combustível para encorajar o ato de atravessar o salão e chegar na mesa com o convite, formalíssimo, “vamos dançar?”. 

O “sim” dela poderia significar que também queria dançar, pois os olhos já tinham se cruzado num momento do baile, mas poderia ser apenas o sim formal para não dar um “cano” no rapaz audacioso.

Neste último caso a regra que a jovem aprendeu em casa com a mãe casamenteira, era dançar no máximo três músicas para não significar que havia outro interresse a não ser o da boa educação.

No entanto, se “pintasse um clima” ai, Jesus! – as danças se prolongariam por todo o baile e, na hora exata, os “rostos se colavam” e a sedução começava com uma conversa de ouvido, beijinhos ou sussurros super discretos.

O ato de seduzir transformava-se numa enciclopédia romântica que valia até mentiras ingênuas.

Corta para Hoje: Não há mais rosto colado, não há mais bailes, os conjuntos melódicos são apenas boas Lembranças e os clubes estão fechando seus salões que tinham a sua boate para os jovens.

O beijo roubado, quando as luzes diminuíam de intensidade, era, talvez, o único da noite.

Hoje, as garotas ficam apostando quem beija mais garotos numa noite e vulgarizou-se o ato mais sublime de um início de conquista.

O baile FUNK, mais que uma reunião dos jovens de hoje, é uma convenção de traficantes em busca de novos babacas para o início de uma vida de vícios.

Vale o mesmo para a festa RAVE e os incidentes estão aí na imprensa para que o colunista não passe por um “velho recalcado”.

A sedução transformou-se em agressão sexual, para ambos os lados.

Sem crack, sem pó, sem baseado, não há sequer uma aproximação de pessoas de sexo diferente.

Rosto colado nem mesmo quando o DJ aposta em algo lento para descansar os dedos.

Não se dança mais, os requebros e os pulos substituíram os passos cadenciados.

O barulho do bate-estaca acabou com o diálogo.

Sem diálogo não há sedução.

Fim de papo. 

Está bem, somos velhos --- quartentões, cinquentões ou mais??? e daí???

Quando falamos em “rosto colado”; ninguém pode roubar de nossa memória um tempo mágico onde o cavalheirismo de uma dança fazia-nos flutuar por salões com pessoas especiais que tempos depois se tornariam namoradas, amantes, esposas, mães de nossos filhos .......

E quem não dançou uma vez na vida de rosto colado não sabe o que perdeu.

texto de Rogério Mendellsk


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