Percepções astrológicas – 03/11/2013

Hoje temos um evento astrológico de suma importância: um eclipse anular do Sol, que ocorre às 10h46min (horário brasileiro de Verão), e que também será o marco da nova lunação, em Escorpião, fazendo sextil com Marte, trígono com Quíron e conjunção com Saturno. Neste ínterim, Mercúrio retrógrado faz conjunção perfeita com o Nodo Lunar Norte, ainda em trígono, também, com Quíron, enquanto Marte ainda faz um importante trígono com Plutão. 

Podemos dizer que o que esta nova lunação/eclipse pode revelar, é o abalo e a reorganização de estruturas internas e externas. Na verdade, são as mudanças internas que começam a abalar as estruturas externas: o que estamos vendo na sociedade, em relação a protestos, indignação, na verdade é o despertar quanto a um sistema opressor, elitista, excludente, do qual, intimamente, não queremos fazer mais parte. No entanto, desta vez, estamos em um diferente limiar, uma quebra atípica de paradigmas, ou ao contrário, a radicalização caótica de tudo onde nos colocamos: ou repetimos os mesmos erros, através de reações violentas, descontroladas, justificando uma reação ainda mais violenta e castradora – o que já aconteceu várias vezes na nossa história e JAMAIS foi capaz de trazer algum tipo de felicidade, justiça e igualdade para o povo, pelo contrário, sempre resultou em um processo mais violento e castrador que o anterior – ou partimos para um outro tipo de organização, a recusa da fonte envenenada de alimento. 

Em outras palavras: a coerência é a única coisa que pode nos levar a caminhos concretos, reais. Protestamos, maldizemos, mas estamos prontos a nos entupir de artigos de consumo, mesmo sabendo (ou procurando não saber) que estamos poluindo cada vez mais o planeta, exaurindo seus recursos, ou mesmo alimentando podres corporações, que são as únicas que acham que ganham algo com tudo isto. Em outras palavras, caminhamos para um abismo existencial como jamais visto antes, pois desta vez nosso vazio criativo, nossa falta de alegria em fazer parte de um sistema mecanicista, desumano, indiferente com a própria vida, está nos levando ao preocupante estado de niilismo que tanto Nietzsche nos alertava. Somos uma massa de insatisfação, de frustrações, de medo, de infelicidade e, na verdade, é isto que está tragando nosso mundo, aos poucos, roubando-nos a vida, ferindo a todos os seres. Este beco sem saída leva muitas pessoas ao desespero, que muitas vezes elas sequer sabem porque seu, até então, feliz mundo está tão incômodo e difícil de ser suportado. Ganhamos o mundo e perdemos a alma. 

E na vida pessoal, veremos muitas realidades belas e bem construídas tendendo à desintegração também, ficará claramente insuportável o que precisa ser deixado, resolvido, reciclado – nossos necrotérios, depósitos de lixo que guardamos dentro de nós, na esperança de ver nosso mundo falso ter um pouco de legitimidade, de falsa beleza, começam a exalar um cheiro muito ruim. PUTREFACTIO: a realidade que criamos começa a apodrecer. E toda crise de resolução normalmente nos leva a extremos – sentimos o pus das feridas correr, a terra entra em transe, é preciso que aconteça este expurgo, por mais que ainda não nos sintamos preparados para encará-lo. Deixe o lixo sair, para que haja espaço para o que é belo e novo entrar. Conquiste sua própria forma de viver, encontre sua coragem. A medida da dor é a medida da dose do remédio que pedimos.