sábado, 27 de novembro de 2010

A farsa e a geopolítica do crime

A Guerra do Rio – A farsa e a geopolítica do crime
José Cláudio Souza Alves - 25/11/2010
 
Nós que sabemos que o “inimigo é outro”, na expressão padilhesca, não podemos acreditar na farsa que a mídia e a estrutura de poder dominante no Rio querem nos empurrar.

Achar que as várias operações criminosas que vem se abatendo sobre a Região Metropolitana nos últimos dias, fazem parte de uma guerra entre o bem, representado pelas forças publicas de segurança, e o mal, personificado pelos traficantes, é ignorar que nem mesmo a ficção do Tropa de Elite 2 consegue sustentar tal versão.

O processo de reconfiguração da geopolítica do crime no Rio de Janeiro vem ocorrendo nos últimos 5 anos.

De um lado Milícias, aliadas a uma das facções criminosas, do outro a facção criminosa que agora reage à perda da hegemonia.

Exemplifico. Em Vigário Geral a polícia sempre atuou matando membros de uma facção criminosa e, assim, favorecendo a invasão da facção rival de Parada de Lucas. Há 4 anos, o mesmo processo se deu. Unificadas, as duas favelas se pacificaram pela ausência de disputas. Posteriormente, o líder da facção hegemônica foi assassinado pela Milícia. Hoje, a Milícia aluga as duas favelas para a facção criminosa hegemônica.

Processos semelhantes a estes foram ocorrendo em várias favelas. Sabemos que as milícias não interromperam o tráfico de drogas, apenas o incluíram na listas dos seus negócios juntamente com gato net, transporte clandestino, distribuição de terras, venda de bujões de gás, venda de voto e venda de “segurança”.

Sabemos igualmente que as UPPs não terminaram com o tráfico e sim com os conflitos.
O tráfico passa a ser operado por outros grupos: milicianos, facção hegemônica ou mesmo a facção que agora tenta impedir sua derrocada, dependendo dos acordos.

Estes acordos passam por miríades de variáveis: grupos políticos hegemônica na comunidade, acordos com associações de moradores, voto, montante de dinheiro destinado ao aparado que ocupa militarmente, etc.

Assim, ao invés de imitarmos a população estadunidense que deu apoio às tropas que invadiram o Iraque contra o inimigo Sadan Husein, e depois, viu a farsa da inexistência de nenhum dos motivos que levaram Bush a fazer tal atrocidade, devemos nos perguntar: qual é a verdadeira guerra que está ocorrendo?

Ela é simplesmente uma guerra pela hegemonia no cenário geopolítico do crime na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

As ações ocorrem no eixo ferroviário Central do Brasil e Leopoldina, expressão da compressão de uma das facções criminosas para fora da Zona Sul, que vem sendo saneada, ao menos na imagem, para as Olimpíadas.

Justificar massacres, como o de 2007, nas vésperas dos Jogos Pan Americanos, no complexo do Alemão, no qual ficou comprovada, pelo laudo da equipe da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, a existência de várias execuções sumárias é apenas uma cortina de fumaça que nos faz sustentar uma guerra ao terror em nome de um terror maior ainda, porque oculto e hegemônico.

Ônibus e carros queimados, com pouquíssimas vítimas, são expressões simbólicas do desagrado da facção que perde sua hegemonia buscando um novo acordo, que permita sua sobrevivência, afinal, eles não querem destruir a relação com o mercado que o sustenta.

A farça da operação de guerra e seus inevitáveis mortos, muitos dos quais sem qualquer envolvimento com os blocos que disputam a hegemonia do crime no tabuleiro geopolítico do Grande Rio, serve apenas para nos fazer acreditar que ausência de conflitos é igual à paz e ausência de crime, sem perceber que a hegemonização do crime pela aliança de grupos criminosos, muitos diretamente envolvidos com o aparato policial, como a CPI das Milícias provou, perpetua nossa eterna desgraça: a de acreditar que o mal são os outros.

Deixamos de fazer assim as velhas e relevantes perguntas: qual é a atual política de segurança do Rio de Janeiro que convive com milicianos, facções criminosas hegemônicas e área pacificadas que permanecem operando o crime? Quem são os nomes por trás de toda esta cortina de fumaça, que faturam alto com bilhões gerados pelo tráfico, roubo, outras formas de crime, controles milicianos de áreas, venda de votos e pacificações para as Olimpíadas? Quem está por trás da produção midiática, suportando as tropas da execução sumária de pobres em favelas distantes da Zona Sul? Até quando seremos tratados como estadunidenses suportando a tropa do bem na farsa de uma guerra, na qual já estamos há tanto tempo, que nos faz esquecer que ela tem outra finalidade e não a hegemonia no controle do mercado do crime no Rio de Janeiro?

Mas não se preocupem, quando restar o Iraque arrasado sempre surgirá o mercado financeiro, as empreiteiras e os grupos imobiliários a vender condomínios seguros nos Portos Maravilha da cidade.

Sempre sobrará a massa arrebanhada pela lógica da guerra ao terror, reduzida a baixos níveis de escolaridade e de renda que, somadas à classe média em desespero, elegerão seus algozes e o aplaudirão no desfile de 7 de setembro, quando o caveirão e o Bope passarem.

4 comentários:

  1. PIADAS:

    Se o Globocop continuar sobrevoando o Complexo do Alemão vamos ver traficante com faixas "Galvão grava noiiisss aqui"

    Trio elétrico com a banda Restart acaba de chegar no complexo do Alemão, os traficantes enlouquecidos começam a se entregar. ahahahaha .....

    Vagabundos filmaram alguns ataques e já está à venda
    TROPA DE ELITE 3 por apenas 10 Real.
    à venda na sua comunidade mais próxima .....
    ehehehehe .....

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  2. Não há o que comentar, querido amigo Tulio ,pois concordo com tudo o que está escrito.Os inimigos continuam no poder e o verdadeiro herói dessa triste Guerra ao Terror é e sempre será o povo.
    E,como vc, por este mesmo povo eu rezo para que tenham paz,pois a paz nada mais é do que a ausência do mêdo , desse terrível sentimento a que todos nós estamos totalmente expostos neste momento.E, como que ter fé não é ter certeza e sim esperança...espero que o Bem triunfe, pois o Mal não deixará de existir no coração dos homens,infelizmente.
    Bjus ,
    Jupyra

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  3. Quanta burrice!!! ...... ação tática de que???? se o vagabundo tá vendo tudo
    pela televisão ..... alí só tem meia duzia di otário. Os grandes já
    vazaram ...... confrontar o que???

    Alex DelArge
    o crime é ORGANIZADO!

    Tulio Fuzato
    se não fosse .... NÃO RECEBERIA ESSE TÍTULO ...
    ahahaha ....

    Ludmila Fuzatto
    ESSA BOSTA DE JORNALISMO NAO DÁ UM TEMPO.. se nao tivesse ess imprensa, muitos bandidos grandes teriam sido pegos de surpresa.. informaçao pra nós, de fora, é o de menos, após td a ação que deveria ter sido td divulgado... triste!

    Alex DelArge
    o civil é um mero espectador teórico ....

    Tulio Fuzato
    isso mesmo PRIMOKA .... extamente isso ..... os Vagabundos já caíram fora ....

    Alex DelArge
    tem os vagabundos maiores, os do CN, esses nem ouvi falar...

    Paulo Cesar Magdalena
    os grandes nao moram no morro!

    Ludmila Fuzatto
    ahhh moram, muitos moram sim.. camuflam-se entre os pobres.. ou ao menos moram os braços direitos dos grandões... sem dúvida ...

    Paulo Cesar Magdalena
    é um holding! ninguem sabe quem é o chefao.. se soubessem quem financia, o trafico ja teria acabdo certo?

    Tulio Fuzato
    isso ae Paulo ........ akeles pobres, humildes trabalhadores SÃO BUCHA DE CANHÃO, do sistema ...... uma favela MONSTRA daquelas, tem milhões de vielas e buracos ....... ESCONDERIJO BOM PROS RATOS ....... e eles ainda usam as pessoas como escudo! COMO A FORÇA TAREFA PODERIA ENTRAR???? é uma guerra desigual .... os karas são covardes ...... ae tu dá um tiro num puto desses ...... ainda vai responder processo! DIREITOS HUMANOS DO VAGABUNDO???? e nós .... nossos filhos???? nossa vida???? nossa familia????

    Ludmila Fuzatto
    isso ai... atirar em vagabundo nao pode nao, ne.. pq direitos humanos servem "so" pra eles... e os policiais mrtos por vagaundos? e os flihos que tantas maes perdem por bala que vem da arma de BANDIDO VAGABUNDO? ai nao existe direitos humanos nao.. ai muda de cena.. afff.. eeee meu Brasil.

    Paulo Cesar Magdalena
    na verdade, essa faxina no "aquario" tem um efeito positivo. Há muito tempo que o cidadão se acha afrontado sem meios de reagir aos bandidos e traficantes. Parecia que nós eramos peões no mundo deles. A policia mal ou bem reagiu, antes tarde do que nunca, e teve a felicidade de ver o povo a favor dela. è muito importante um policial ter seu trabalho reconhecido pelo povo, ter orgulho de vestir a farda e nao deixar se corromper. Nao é facil nao se corromper. Ainda mais sendo mal visto pela populaçao. Nao sei se terá vida longa ou não, mas foi algo que ja deveria ter sido feito há mais tempo. que seja feito entao com mais frequencia. A populaçao agradece!

    Tulio Fuzato
    A populaçao agradece! .... PENHORADAMENTE ..... e pelo menos alguma coisa mudou na mentalidade, porque chegou à um extremo INSUPORTÁVEL .....

    Ludmila Fuzatto
    ha muito tempo mesmo!! ORGULHO!!!!!!! Eles estão sendo o maior orgulho do país.. muito tempo que nao são tão aplaudidos e, digo, merecidamente!

    Ed Fernandes
    Houve uma estagnação, por décadas, no RJ (neste aspecto). Via as favelas crescendo nos arredores dos municípios do estado e do município do Rio. Agora creio em um movimento de recuperação, a médio e longo prazo. Tudo demanda de muita força política, inteligência, estratégia, e o mais importante: MUITA UNIÃO. Creio que o RJ, e o Brasil tb, irão melhorar MUITO nos próximos anos!! Acredito, de fato, praticamente uma certeza!!!

    Tulio Fuzato
    pura verdade Ed, porque a postura está mudando ..... e veja bem que isso ocorreu logo após as eleições .... e porque não antes???? SACOU ....

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