quinta-feira, 11 de novembro de 2010

1970 - ZABRISKIE POINT




















EU VÍ O FILME QUANDO ERA ADOLESCENTE!!! e hoje tenho o DVD.
Zabriskie Point é um filme de Michelangelo Antonioni lançado em 1970 que mostra o movimento de contracultura dos EUA na época. Estrelando dois ilustres desconhecidos!!! Mas ela (Daria Halprin) virou a NAMORADINHA da AMÉRICA, pelo menos naquele conturbado ano de protestos (Hippies) anti-instituições e anti-Guerra!
SINOPSE
O filme conta a história de um jovem casal — uma jovem secretária idealista e um militante radical — para passar uma mensagem "anti-establishment".
PRODUÇÃO
O filme é assim chamado em lembrança do monumento natural Zabriskie Point, no Vale da Morte, na Califórnia, EUA. Este filme teve como atores principais Mark Frechette e Daria Halprin, ambos sem experiência artística anterior. O cenário foi escrito por Antonioni, pelo amigo cineasta Franco Rossetti, pelo escritor de peças teatrais Sam Shepard, Tonino Guerra e Clare Peploe, esposa de Bernardo Bertolucci. O filme foi o segundo de uma série de três filmes em inglês que Antonioni filmou nos EUA, segundo um contrato com o produtor Carlo Ponti para ser distribuído pela MGM. Os outros dois filmes foram Blowup (1966) e The Passenger (1975).
TRILHA SONORA
A trilha sonora do filme, Zabriskie Point, apresenta canções de vários artistas, incluindo Pink Floyd, The Youngbloods, The Kaleidoscope, Jerry Garcia, Patti Page e Grateful Dead. Uma faixa dos Rolling Stones ("You Got the Silver") não apareceu no álbum da trilha sonora. As canções de Pink Floyd, Jerry Garcia e The Kaleidoscope foram escritas para o filme.
CURIOSIDADES
Harrison Ford tem um papel sem créditos como um dos estudantes da demonstração no posto de polícia. Depois de terem feito o filme, Mark Frechette e Daria Halprin mudaram-se para a mesma comuna da Califórnia. Halprin casou-se com Dennis Hopper em 1972. Em 1973, Frechette participou de um assalto a banco no qual um de seus cúmplices, Christopher Thien, foi morto. Ele foi condenado a quinze anos de prisão, e morreu na prisão sob circunstâncias suspeitas. O cerco da universidade foi filmado no Contra Costa College, em San Pablo, na Califórnia.









Na vida real, Mark morreu em 1975 na prisão (Ele assaltou um Banco com uma arma descarregada como protesto contra o gov. Nixon) e Daria juntamente com sua mãe Anna Halprin fundaram o Tamalpa Institute http://www.tamalpa.org/
http://www.imdb.com/name/nm0356998/bio
http://www.tamalpa.org/faculty/cf_daria_halprin.html











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Zabriskie Point flagra mundo desumanizado e expõe impasse político e existencial de uma geração

Zabriskie Point fechara um ciclo e abrira outro, consolidando um cinema introspectivo, marcado pelo rigor psicológico e social. Mas este cinema parecia ter-se esgotado em O Deserto Vermelho, o que não impediu o filme de receber o Leão de Ouro de 1964. A consciência do próprio esgotamento levou Antonioni a procurar novos rumos. No Brasil da ditadura militar, Blow Up passou sem problemas, mas Zabriskie Point foi alvo da censura. A caserna implicou especialmente com o desfecho, quando a personagem de Daria Halprin explode a "América", metaforicamente representada por um refrigerador, e todos aqueles signos de consumo ficam voando na tela, em câmera lenta, ao som da trilha do Pink Floyd.

São imagens hipnóticas, mas não mais do que as cenas de sexo grupal no deserto - em Death Valley -, que parecem ter servido, longinquamente, como inspiração para o Lars Von Trier do final de Anticristo, embora não com o mesmo sentido e, aliás, qual é o sentido em Antonioni? É uma pergunta que os críticos se fazem há 40 anos. Qual o sentido de Zabriskie Point? É um filme certamente deslumbrante por sua estética, mas qual a "utilidade"? É bom colocar a questão, assim, entre aspas, porque a utilidade não é bem, embora possa ser, função da arte. Ian Cameron e Robin Wood concluem, em seu livro sobre Antonioni, que Zabriskie Point é "vazio". Não são eles que dizem, mas a metáfora do jogo sem bola de Blow Up poderia se aplicar ao filme.

Depois de investigar o impasse amoroso de casais burgueses - nos grandes filmes italianos -, Antonioni voltou-se para os jovens que estavam incendiando os EUA. A revolta estudantil alastrara-se das ruas de Paris para os campi das universidades norte-americanas. Em 1969, havia uma geração contestadora violenta e outra pacífica, a dos hippies, que celebrava em Woodstock seus três dias de paz, amor e liberdade. Antonioni colocou as duas em seu filme. Mark Frechette e Daria Halprin - os personagens têm os nomes de ambos - embarcam nessa viagem pelo materialismo da sociedade dos EUA, que negam. O filme os acompanha em discussões com estudantes, em batalhas no câmpus, na cadeia.

A busca de evasão se manifesta no voo num avião roubado. Toda a parte final ocorre na casa de Rod Taylor. Antonioni sempre usou a arquitetura para comentários sociais. A casa é arrojada. Na sua mistura de pedra e vidro, ela revela mais do que secreta e o que o espectador vê é um mundo desumanizado. Daria reage à vitimização do amante explodindo o mundo. Os militares brasileiros acharam o filme revolucionário (e perigoso, por isso o proibiram). Daria e Frechette, que morreu precocemente, são belos, mas dirigidos como esculturas vivas - como Alain Resnais havia feito com Delphine Seyrig em O Ano Passado em Marienbad. Vazio? Só se o espectador esperava ver Antonioni resolver na ficção o que estava emperrado na realidade. O autor pode não ter decifrado os EUA, mas expôs o impasse político e existencial de uma geração. cabe lamentar somente a pobreza - ausência - de extras, num lançamento tão importante.

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