quarta-feira, 17 de março de 2010

A Indução Psíquica e suas Conseqüências

        Nada pode deter o avanço do progresso intelectual do ser humano, temos na história episódios demonstrando que as verdades, embora combatidas depois de descobertas, acabaram se incorporando na cultura humana.

        Ao estudarmos a história vamos constatar que a maior dificuldade do homem em reconhecer uma verdade, tem origem na vaidade e nos preconceitos, sejam eles científicos, religiosos ou culturais. Embora a resistência fundamentada no interesse de grupos, é evidente que no decorrer do tempo a verdade acaba prevalecendo, mas, infelizmente até que se esgotem as discussões e as rivalidades, a verdade fica por longo tempo às margens da cultura e muitas vezes é até ridicularizada. – Galileu e Copérnico que o diga.

        O mesmo está ocorrendo com o Espiritismo, cujas verdades reveladas no seu contexto afronta os preconceitos tradicionais da cultura humana, porém, diferente das lutas travadas outrora, seus maiores adversários não são os preconceitos culturais, mas sim a credulidade exagerada e os interesses institucionais e particulares que muitas vezes ferem o bom senso e a razão.

        O movimento espírita diferente de outras doutrinas é livre de diretrizes pré-estabelecidas, qualquer pessoa pode criar uma instituição denominada espírita. Entre-tanto, nem todas desenvolvem práticas coerentes com os ensinamentos dos Espíritos Superiores.

        Muitos modelos de práticas doutrinárias tem sido estabelecidos suscitando uma grande diversidade de atividades nem sempre regradas no bom senso. Conse-quentemente temos muita doutrina dos espíritas e pouca Doutrina dos Espíritos. Criamos instituições grandes, mas são raras as grandes instituições.

        No geral percebemos que estabelecemos uma doutrina de “médiuns” e não uma doutrina de Sabedoria Cristã como deveria ser. Tudo gira em torno da psicografia, psicofonia e ectoplasmia.

Com isso acabamos induzindo as pessoas a acreditarem que a mediunidade é primordial para a evolução do espírito reencarnado.

        Afirmou Kardec: ‘‘A mediunidade não depende do moral e nem da evolução do espírito’’. Portanto, entende-se que ela não é uma virtude, mas sim uma condição orgânica, isso está explicito na codificação. Chico Xavier não evoluiu nesta sua recente encarnação apenas por ter sido médium, mas sim por se tornar um cristão no trato com os seus semelhantes, mesmo que não tivesse sido médium teria sido um homem de bem, que é o grande objetivo que deveria ser almejado por todos os que se dizem espíritas.

        Infelizmente é essa a imagem que estamos passando para o leigo, tanto é que a imprensa quando aborda o tema Espiritismo, se refere usando o seguinte termo: ‘‘a doutrina na qual seus seguidores afirmam conversar com os mortos’’. Quando deveria ser: ‘‘a Doutrina que revelou ao mundo a natureza espiritual do ser humano, na qual seus seguidores buscam a renovação dos seus sentimentos com base na Mensagem Cristã’’.

Estamos diante de um fenômeno que deveria ser pesquisado e analisado por aqueles que estão realmente preocupados em aprimorar a prática espírita nas instituições. Trata-se da Indução Psíquica, desenvolvida na didática usada nas escolas mediúnicas promovendo a super excitação da imaginação dos neófitos, isso tem levado um grande número de pessoas a se acreditarem médiuns. Esse modelo de ensino adotado pela maioria das instituições acabou provocando um surto mediúnico que ora se propaga comprometendo a credibilidade do movimento espírita.

        Com isso proliferam nas fileiras espíritas a psicografia subjetiva e balda de veracidade atribuídas a entes queridos, as cirurgias agendadas pelos ‘‘espíritos’’ e que não acontecem, e agora como grande novidade, surgem as mensagens intergalácticas de seres extraterrestres, isso sem contar uma série de práticas realizadas as quais ferem o bom senso e a razão e que são realizadas em nome do Espiritismo.

        Infelizmente é um grave equivoco que só é reconhecido por uma minoria que têm olhos de ver e ouvidos de ouvir, mas não possuem a coragem de opinar, principalmente em público. Muitos criticam ao pé do ouvido, porém, quando indagados diante do público, respondem como os políticos que temem perder os votos dos eleitores ferindo seus próprios interesses.

        Se a imprensa e a mídia espírita, e os que, de alguma forma, representam o nosso movimento, não abdicarem dos seus interesses particulares e institucionais, e continuarem se omitindo, que é o mesmo que contribuir para a prática desse equi-voco, a Doutrina  Espirita continuará sendo reconhecida pela maioria das pessoas (leigas) apenas como a doutrina cujos seguidores aprendem a se comunicar com os mortos.

Nelson Moraes

“O mais importante ingrediente na fórmula do sucesso
é saber como lidar com as pessoas”. Theodore Roosevelt

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